São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

A eleição, enfim, acabou

BRASÍLIA - As cúpulas do PSDB e do PFL se encontraram anteontem para um jantar no apartamento de FHC, em São Paulo. A conversa desses antigos sócios marcou, na prática, o fim do processo eleitoral de 2002.
Até agora, a onda vermelha que elegeu Lula em 2002 continuava a avançar sobre o terreno da oposição. Havia encaçapado PMDB, ACM, Sarney e outros que cortejavam FHC no passado. Era como se a eleição não tivesse terminado. O PT patrolava e seguia em frente.
Houve conversas secretas entre Luiz Gushiken (ministro da Secretaria de Comunicação) e Arthur Virgílio (líder do PSDB no Senado). O próprio presidente da República namorou governadores como Aécio Neves e Lúcio Alcântara.
Embevecidos com um sonho hegemônico, petistas tentavam montar um governo de coalizão ampla. Queriam a quase unanimidade dos partidos políticos do país. Eram beneficiados pela calmaria política. Lula tinha a aprovação nas alturas. No PSDB e no PFL vigorava a inapetência e o catatonismo.
O Waldogate anabolizou a oposição. A incapacidade gerencial, a inutilidade e a paralisia de certos ministérios tornaram-se evidentes. Ficou sobrestada a possível aproximação entre PT e setores expressivos do PSDB. Para resumir, finalmente acabou o processo eleitoral de 2002. O jantar na casa de FHC é um emblema dessa inflexão na atitude das duas principais siglas anti-PT.
José Dirceu foi o primeiro a notar. Deu uma cacetada pública em Tasso Jereissati, o menos belicoso dos dirigentes tucanos.
O resultado dessa nova fase na macropolítica está para ser verificado. Um fato já é visível. Nunca houve tantos tucanos e pefelistas interessados em reunir informações sobre defeitos do governo.
Lula, do seu lado, terá a oportunidade de demonstrar sua capacidade gerencial para governar o país. A julgar pelo que fez até agora, é arriscado prever qual será o desfecho.


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