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CARLOS HEITOR CONY
Parabéns para quem?
RIO DE JANEIRO - Não sou entusiasta de comemorações, principalmente
das más, como a do primeiro ano da
Guerra do Iraque, que o presidente
Bush deseja transformar num cabo
eleitoral.
Mas a data merece reflexão e, além
da reflexão, repúdio.
Em 2003, a invasão daquele país
governado por um ditador do quilate
de Saddam Hussein abria uma dúvida na consciência internacional: haveria mesmo um arsenal de destruição em massa à disposição de um fanático? As provas até então coletadas
pela própria ONU negavam esse arsenal, mas a arrogância com que
Bush e Blair garantiam a existência
de um grave perigo à civilização cristã-ocidental sempre deixava uma
dúvida. Hitler também negava instintos selvagens para com o mundo
não ariano. E não estava blefando,
por pouco não conseguia implantar o
seu Reich de mil anos.
A guerra do ano passado provou
que Bush e Blair mentiam, mentiam
descaradamente, pois sabiam que
não havia arsenal nuclear no Iraque.
A opinião pública mundial se manifestou contra a guerra, na semana
passada houve protestos violentos em
San Francisco, no próprio território
norte-americano.
Na Espanha também o povo ficou
contra o governo que aderiu à coalizão de Bush e Blair. Pagou um preço
terrível pelo erro político e militar do
então primeiro-ministro.
Em outros países que também embarcaram na canoa furada, como a
Itália, está instalada a véspera do
horror: a qualquer momento, uma
explosão, suicida ou não, pode matar
milhares de pessoas na praça São Pedro ou num estádio em que jogam o
Milan e o Juventus. Ou em Picadilly
Circus, na hora do rush londrino.
Uma coisa é a manipulação da verdade, muito comum na política nacional ou internacional. Manipulação que também pode ser a mentira
pura e simples. Mas outra coisa é a
empulhação. E aí está a palavra que
buscava: foi uma guerra pulha, a do
Iraque
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