São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2000


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S.O.S. FMI

As políticas do Fundo Monetário Internacional funcionam. A declaração é do economista do Massachusetts Institute of Technology Rudi Dornbush. Ela vem no esteio do polêmico artigo do ex-economista-chefe do Banco Mundial Joseph Stiglitz, reproduzido nesta Folha há pouco mais de uma semana.
Stiglitz desferiu sérios golpes na confiabilidade do FMI e na monocórdica fórmula de ajuste fiscal de suas políticas; criticou a capacidade de seus técnicos; acusou a instituição de atender de maneira privilegiada aos interesses do Tesouro dos EUA.
Entre os pontos mais questionados por Stiglitz estava o fato de, na crise asiática de 97 e 98, o Fundo ter imposto aos países a fórmula do arrocho fiscal. Leia-se recessão. Ora, argumenta Stiglitz, a receita foi ministrada para o paciente errado. Os países asiáticos já eram superavitários e, portanto, não necessitavam de mais aperto fiscal, mas sim de realizar gastos em infra-estrutura para induzir uma retomada do crescimento.
A resposta de Dornbush parece incontestável. Tanto as políticas do FMI de austeridade fiscal são boas que a recuperação das economias asiáticas foi contundente. Mas há uma velha e fundamental lição de lógica, segundo a qual um fato que ocorre após um outro não se dá necessariamente "por causa" dele. Ou seja, nada garante que a retomada asiática tenha acontecido em função do receituário do FMI.
Há evidências de que ocorreu o contrário, ou seja, de que a receita aplicada pelos governos asiáticos foi o clássico aumento do gasto público, juros baixos e política industrial voltada à exportação. O que causa arrepios à maioria dos técnicos do FMI.
A argumentação de Dornbush é visivelmente pró-establisment. Mesmo assim, ela fica muito longe de conseguir rebater as críticas de Stiglitz, que se coadunam com o que se tem observado sobre o Fundo: uma instituição rígida, arcaica e muito afeita a interesses dos EUA. Por tudo isso, precisa passar por uma reforma urgente.


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