São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2006 |
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Educação: tentando sair do discurso
JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI
Tonia Carrero, Regina Duarte, Regina Braga, Denise Stoklos, Fortuna Safdie, Eliana Gutman percorreram todos os CEUs com seus espetáculos, a periferia tem acesso a cultura de qualidade. Implantamos a avaliação dos alunos. Incorporamos 26 balneários semi-abandonados, cujas áreas são maiores que as dos CEUs, e os transformamos com um custo mínimo em Escolas Municipais Integradas (EMIs), que abrigam o pós-aula de sete a dez escolas do entorno. Essas unidades, somadas aos CEUs, não mais servirão a 5% das crianças, mas a 50% delas. Para melhorar a qualidade e dar construção social ao ensino, dois projetos pedagógicos foram prioritários. O "Ler e Escrever" foi montado em 2005 e iniciou-se neste ano com dois professores (um, auxiliar) nas classes de primeiro ano, para garantir aí a alfabetização, cinco livros distribuídos para alunos, pais e professores e capacitação intensiva destes últimos. O resultado do aprendizado é cada vez melhor nas escolas privadas, e pior nas públicas (Saeb). É difícil explicar esse abismo somente pelo que acontece dentro da escola (até os professores são os mesmos). É preciso um olhar propedêutico, holístico e solidário para as crianças, verificando o que elas fazem no pós-aula. As do ensino privado: reforço, esportes, arte, informática, teatro, música, pais leitores, livros em casa, viagens etc. As nossas: ausência de livros e dos pais em casa, não há reforço, não há aulas complementares de nada. As ruas da periferia e a TV são o seu pós-escola; os traficantes bem sucedidos, paradigmas e professores. Daí a necessidade de abrir o "guarda-chuva" da educação o dia inteiro, sem esperar o tempo e o dinheiro -que nunca chegam- para construção de novos espaços, mas usar os existentes e os da cidade. Esse é o conceito de cidade educadora e a origem do "São Paulo é uma escola". Formamos 1.300 educadores comunitários. Os professores entenderam a lógica do processo. Cada escola fez seu projeto pedagógico, inserindo o programa na escola e no seu entorno com estudantes universitários e oficineiros. Cento e noventa mil crianças já participaram, total ou parcialmente, em 2005, e pretendemos dobrar em 2006. Inovações geram mudanças que criam incomodidades, especialmente para aqueles que se acomodaram com uma educação pobre para os pobres. José Serra, Gilberto Kassab e Alexandre Schneider participaram ativamente de tudo, não há risco de interrupção dessa política educacional. Ao final deste mandato, poderemos ter um novo e promissor paradigma da educação em São Paulo e, talvez, um bom modelo para o país. José Aristodemo Pinotti, 71, professor titular aposentado de ginecologia da USP, é deputado federal. Foi secretário da Educação do município de São Paulo na gestão José Serra (2005-2006). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Gilberto Dupas: A democracia e a água do banho Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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