São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2006

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br

Telê
"Telê Santana motivou muita gente, como eu, a gostar de futebol e ensinou que é possível jogar bem e de forma limpa e chegar a conquistas. Não venceu uma Copa do Mundo, é verdade, mas conquistou todo o mundo com seleções que deixaram saudades. Isso vale mais do que qualquer outra conquista."

Jorge Ribeiro Neto (Indaiatuba, SP)

Movimentos sociais
"Parabenizo a Folha por haver instaurado a discussão sobre a legitimidade dos movimentos sociais ("Os movimentos sociais têm legitimidade mesmo quando atuam fora da lei?, "Tendências/ Debates", 22/4). Ressalto, apenas, que o marco estabelecido ("fora da lei') é absolutamente inadequado, pois, como se sabe, o "fora da lei" serve apenas para designar os "três pês" do direito penal. Hoje, no Estado constitucional, é preciso antes de tudo saber se a "lei não está fora da Constituição". Mas mesmo isso é muito vago e depende de um emaranhado hipercomplexo de interpretações jurídicas que nenhum operador do direito é capaz de prever tecnicamente. A sociedade leiga ainda não percebeu que faz tempo que os juristas já não sabem mais o que é "dentro" e "fora" do direito."

José Eduardo de Resende Chaves Júnior,
juiz do Trabalho titular da 21ª Vara de Belo Horizonte (Belo Horizonte, MG)

 

"No artigo de 22/4 de Eduardo Bittar ("Tendências /Debates'), foi desapontador ver um professor de direito da USP ser tão contraditório e tão incoerente ao fundamentar sua argumentação em um cipoal de enfoques ideológicos que até o confundiram. O autor é contraditório quando, como advogado, aceita a legitimidade de movimentos sociais mesmo quando estes atuam fora da lei (vide o MST) e, ao mesmo tempo, menciona pensamentos como os de Norberto Bobbio, que não é defensor da filosofia de que os fins justificam os meios. Pelo contrário. Bobbio sempre foi favorável ao Estado de Direito, no qual uma verdadeira sociedade democrática estável nasce exatamente da não-violência."

João Henrique Rieder (São Paulo, SP)

Nossa Caixa
"A máscara do tucanato paulista caiu. Essa é a primeira conclusão a que se chega depois de ler a reportagem "Sob Alckmin, Nossa Caixa abrigou suspeitos de fraude" (Brasil, pág. A4, 23/4). Se quiser realmente patrocinar um banho de ética nessa campanha, Geraldo Alckmin precisa urgentemente explicar sem rodeios e sem retórica como é que um assessor ligado ao PSDB consegue, mesmo não sendo funcionário da Nossa Caixa, interferir para que duas agências de publicidade prestem serviços ao banco durante quase dois anos, e sem amparo legal, ao custo de R$ 43 milhões. Aguardo as respostas."

Roberto Nascimento (São Paulo, SP)

Cotas e cor
"Muito relevante o proposto em carta por Gilberto Silva ("Painel do Leitor" de ontem). O sistema de cotas, é além de estúpido, injusto e perigoso na situação atual, porque perpetua o preconceito. Esse sistema só seria aceitável se todos os estudantes tivessem acesso a um ensino básico de qualidade, mas, no momento em que os alunos pobres são segregados na educação básica, é ridículo querer nivelá-los no ensino superior. Que tipo de nivelamento é esse? Só vai servir para criar mais discriminação, quando, por motivos óbvios, os formandos negros forem discriminados pelo mercado de trabalho. Só com um ensino de qualidade, em período integral, obrigatório para todas as crianças e oferecido por professores bem treinados e comprovadamente capacitados é que iremos dar um golpe fatal na discriminação. Aí, sim, ser universitário será um direito conquistado por todos e usufruído pelos capazes."

Maria-José Ulm (Florianópolis, SC)
 

"O leitor Gilberto Antonio Silva, em sua carta "Cor", publicada ontem nesta seção, diz que o Estatuto da Igualdade Racial é uma lei de cunho racista e insiste que ela poderá alterar significativamente o contexto social brasileiro. Gostaria de dizer ao senhor Gilberto Silva que é exatamente esse o objetivo dessa lei. Quanto ao teor racista, penso que ele só exista se o leitor considerar que reivindicar direitos e reparações por dezenas de anos de serviços forçados seja uma atitude racista. Embora seja fácil supor, por meio de suas críticas ao estatuto, que vivamos em países diferentes, acho que estamos falando do mesmo Brasil. País em que as reais condições de vida da população negra são bastante diversas do "mar de rosas" que o leitor insinua existir. Os Estados Unidos assumiram o seu preconceito/racismo e, ao longo dos anos, a inclusão socioeconômica do negro americano tem acontecido naquele país. Óbvia, e infelizmente, com eventuais conflitos. Ocorre que lá houve ações afirmativas (tão criticadas aqui), que ajudaram no enfrentamento das dificuldades. Para isso, "pseudolíderes" (como diz o leitor) como Martin Luther King, Malcom X, Angela Davis e inúmeros outros lutaram por estatutos de igualdade racial semelhantes a esse que agora se atribui a sabotadores das "tradições étnicas do Brasil"."

Antonio Orlando Alves da Silva (Santos, SP)
 

"A defesa de cotas sociais, educacionais e de alimentos (cestas básicas) provoca paixões e esconde a realidade concreta. Lembro-me da luta de dom Hélder Câmara em Recife e em Olinda. Ele participava de programas assistencialistas e sabia que aquilo não era uma "ação de cidadania", não era luta por direitos sociais e trabalhistas. Diante da miséria de Recife e de Olinda, a caridade era, infelizmente, necessária. Caridade não é cidadania; assistencialismo também. Dizia dom Hélder: "quando faço distribuição de alimentos, de remédios e de roupas, falam que eu sou um santo. Quando pergunto sobre as causas estruturais da miséria e da fome, acusam-me de ser marxista, comunista". As causas estruturais da miséria estão sendo esquecidas. Lutemos por cotas, mas sem esquecer que elas são poucas e que não mudam a estrutura social."

Felipe Luiz Gomes e Silva (São Carlos, SP)

Greve
"A manifestação de Maria Thereza Pereira no "Painel do Leitor" de ontem ("carta "Anvisa') reflete bem a desinformação e o preconceito estulto do cidadão médio brasileiro contra os servidores públicos, mentalidade historicamente criada e incentivada, entre outros chamados formadores de opinião, pela própria mídia. Antes de falar em "mamata", a leitora deveria tomar conhecimento de que os servidores públicos federais, especialmente os do Executivo, estão sem reajuste salarial há cerca de 13 anos. Afinal, família de servidor público também tem de se alimentar, de se vestir, de ir à escola, de tratar da saúde e, mui especialmente, de pagar impostos."

Marcus Alberto Barretto Fava (São José do Rio Preto, SP)

Ferrovias
"Quantos novos empregos, acompanhados de grande economia para o país, poderiam surgir no Brasil com a implantação de uma boa malha ferroviária? Uma malha que cortasse com eficiência muitas regiões que usam como meio de transporte o caríssimo e sofrido sistema rodoviário, que traz muito lucro apenas aos empresários do petróleo. Por que nossos administradores públicos ainda não partiram com firme propósito para implantar uma malha ferroviário-marítimo-fluvial?"

Benone Augusto de Paiva (São Paulo, SP)

Petróleo
"De que adianta a auto-suficiência em petróleo se o preço da gasolina é altíssimo? No Brasil, temos de nos deslocar grandes distâncias entre cidades pobres, onde o retorno dos investimentos é baixo. O Brasil precisa ter um programa energético para suas imensas dimensões territoriais."

Dalton Andrade (Sete Lagoas, MG)


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