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Milícias chavistas
NÃO HÁ INSTITUIÇÃO venezuelana que tenha escapado à deliberada estratégia do presidente Hugo Chávez
de dividir o país entre aliados e
inimigos de sua estapafúrdia "revolução bolivariana".
Com o desastrado auxílio da
oposição, que abandonou o processo eleitoral, o chavismo fez do
Legislativo uma câmara de ecos
de suas vontades, manietou a
Justiça e, agora, desperta reações nas Forças Armadas.
A ingerência de militares cubanos no país, aos quais o líder venezuelano tem conferido crescente poder, provoca insatisfações entre oficiais de alta patente, como se pôde constatar na entrevista do general Antonio Rivero à Folha.
Rivero afirma que generais e
militares cubanos de postos médios têm "presença ativa" no planejamento, no treinamento e
nas decisões das Forças Armadas da Venezuela. Na reserva há
um mês, não considera que seu
mal-estar com a situação reflita
uma visão isolada.
Também é de origem cubana,
afirma Rivero, a concepção da
Milícia Nacional Bolivariana,
força militar composta por civis
voluntários treinados, sob controle direto do presidente. "É o
povo armado", sintetizou Chávez ao instituir formalmente o
grupo, no ano passado.
A confusão entre facção, Estado e sociedade está no cerne das
milícias, que podem ser consideradas uma espécie de "corpo
pretoriano", pronto a cumprir as
diretrizes do presidente em caso
de disputas internas.
Está claro que o objetivo primordial de Chávez, ao dividir e
radicalizar o país, é eliminar a
possibilidade de mudanças democráticas. Não é do interesse
do Brasil e da região que a política venezuelana prossiga nessa
direção. Mas a diplomacia brasileira não consegue nem sequer
se dissociar das temerárias aventuras do caudilho.
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