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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Arrebentou
SÃO PAULO - Ciro Gomes implodiu a ponte que o conectava ao continente do lulismo. Sua reação ao
estrangulamento de sua candidatura foi além do que esperavam os petistas. Fora da sucessão, Ciro abriu
fogo pesado em várias frentes:
1. Questionou a onipotência de
Lula ("Ele está se sentindo o Todo-Poderoso e acha que vai batizar Dilma presidente"); 2. Colocou em dúvida a competência de Dilma Rousseff ("Dilma é melhor do que o Serra como pessoa. Mas o Serra é mais
preparado, mais legítimo, mais capaz"); 3. Apostou na vitória do tucano ("Minha sensação agora é que o
Serra vai ganhar esta eleição"); 4.
Disse que Dilma e o PMDB não têm
condições de enfrentar a crise econômica que se projeta no horizonte
("Em 2011 ou 2012, o Brasil vai enfrentar uma crise fiscal, uma crise
cambial. Como o PT, apoiado pelo
PMDB, vai conseguir enfrentar essa crise? Dilma não aguenta. Serra
tem mais chances de conseguir").
São declarações publicadas pelo
site noticioso iG, em reportagem de
Eduardo Oinegue. Ontem, Ciro disse que havia conversado com o jornalista em "off", deixando claro que
não concedia uma entrevista.
Pode-se tomar suas palavras como uma explosão a mais, outro destempero de alguém que os coleciona. Essa é a interpretação mais cômoda para os aliados de Dilma
diante do evidente desconforto.
No surto de Ciro, porém, parece
haver um recado político que vai
além da sua agonia pessoal. O fio
desencapado pode estar expondo
os limites de um arranjo de poder
que abriga interesses demais. Sua
fala seria um aviso de que o amplo
consórcio lulista passa a viver sob a
ameaça de um curto-circuito. Um
aviso de que o poder de Lula para
manobrar a própria sucessão não é
incontrastável, como não é ilimitada a tutela sobre os aliados.
Na boca de Ciro, a sugestão de
que Dilma é "menos legítima, menos capaz, menos preparada" é um
soco no estômago. Ela é música para os ouvidos do adversário do PT.
Sim, Serra, aquele que "é mais feio
por dentro do que por fora".
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