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Editoriais
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Lento, mas positivo
DEMOROU SEIS anos, mas a
Câmara dos Deputados finalmente conseguiu
aprovar uma rara medida no
Brasil para beneficiar bons pagadores. O cadastro positivo, que
ainda tem de passar pelo Senado
e por sanção presidencial para
entrar em vigor, deverá funcionar de modo semelhante ao dos
serviços de proteção ao crédito,
que guardam informações sobre
insolvências.
O principal argumento a favor
de sua criação é auxiliar a redução do custo do crédito no país.
Com mais conhecimento sobre o
histórico de pagamento dos
clientes, será possível à instituição financeira calcular com
maior precisão o risco que corre
ao emprestar seus recursos.
Mais guarnecido contra eventual inadimplência nos empréstimos aos bons pagadores, o banco terá condições de cobrar menos pelo serviço.
A medida é instrumento importante para a redução do
"spread" -a diferença entre a taxa de juro que a instituição bancária paga para captar recursos e
a que cobra do tomador final do
empréstimo.
Para o consumidor, o fato de a
inclusão no cadastro positivo depender de sua expressa autorização garante-lhe privacidade.
De todo modo, o cadastro de
bons pagadores se somará a outras iniciativas para a redução do
nível dos juros praticados no
Brasil. É preciso sobretudo estimular a competição entre os
bancos, ponto fundamental em
meio a uma estrutura de mercado cada vez mais oligopolizada.
A implantação das contas salário, embora vagarosa, confere
aos clientes o poder de mudar de
banco e, ao fazê-lo, atiça a concorrência. Medidas como a portabilidade do empréstimo imobiliário -a prerrogativa de trocar de credor mediante oferta de
taxas menores ou de condições
melhores de financiamento-
vão na mesma direção e deveriam ser adotadas.
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