São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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LUIZ FERNANDO VIANNA

Árvores abatidas

RIO DE JANEIRO - Dossiê Cayman, lista de Furnas, dólares cubanos em caixas de uísque, grampo no STF... Quantas árvores foram derrubadas para que jornais e revistas se debruçassem sobre esses casos? E eles, por falta de comprovação, acabaram sepultados em notas de pé de página par -embora alguns, de vez em quando, saltem das tumbas para nos assustar em títulos de seis colunas.
Com o passar do tempo, não é difícil constatar que certas histórias são absurdas ou, pelo menos, de autenticidade improvável. Mas e quando elas surgem? Como um jornal vai assumir ignorá-las em nome de outros assuntos?
Nas últimas semanas, por exemplo, mais algumas árvores caíram para que se escrevesse sobre as chamadas listas fechadas. Um projeto de reforma política -a união destas duas palavras já deve ter nos custado meia Amazônia- tiraria do eleitor o direito de escolher diretamente seu candidato a deputado, obrigando-o a votar em listas preparadas por partidos.
Pois, segundo o noticiário mais recente, o monstro foi enterrado sem choro nem vela. Fica a pergunta: morreu por que a imprensa abriu espaço para que ele fosse torpedeado ou morreria de qualquer forma? A primeira hipótese é mais simpática.
No entanto, enquanto engravatados discutiam ou fingiam discutir em Brasília a virada de mesa, pessoas perdiam tudo, inclusive vidas, nas enchentes do Nordeste. E, ao que parece, o mundo real das histórias de Trizidela do Vale (MA) não teve o mesmo impacto do que o blablablá dos parlamentares. Alguém pode dizer: não é possível misturar as duas coisas! Será?
Agora (ou melhor, mais uma vez), o tema é o tal do terceiro mandato de Lula. Quantas árvores cairão até que -espera-se- o monstro seja enterrado?

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