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CARGA INTOLERÁVEL
Estimativas de especialistas
sugerem que neste ano de 2004
a carga tributária -ou seja, o peso
dos impostos arrecadados em relação ao Produto Interno Bruto- voltará a se elevar. Isso significará dar
prosseguimento a uma tendência
presente há mais de uma década na
economia brasileira, e contrariará
reiteradas promessas das autoridades econômicas de que a sangria tributária seria enfim estancada.
Entre 1991 e 2003 a carga de tributos subiu de maneira quase ininterrupta, saltando de 24,4% para 35,7%
do PIB -um aumento de impressionantes 11 pontos percentuais. Trata-se de uma escalada de proporção raras vezes vista na experiência internacional. Neste ano de 2004, estima-se
que ocorrerá novo aumento expressivo, da ordem de dois pontos percentuais do PIB.
Evidentemente, o principal motivo
por detrás dessa escalada é a necessidade de o governo fazer frente à pressão exercida pelos encargos da dívida
pública, de modo a conter a expansão do endividamento do Estado. No
entanto, também é evidente que outros caminhos, incluindo o corte de
gastos públicos, têm de ser trilhados
para tentar resolver o problema.
A sanha arrecadatória continua a
gerar distorções e irracionalidades.
Os fortes aumentos das alíquotas da
Cofins e do PIS que entraram em vigor neste ano geraram tamanhas
pressões sobre os preços que vêm
sendo citados como um dos fatores
que estão dificultando o cumprimento das metas de inflação -e,
portanto, inibindo a necessária redução da taxa de juros básica.
A insistência no aumento de impostos já se mostra contraproducente e intolerável. Os consumidores e o
setor produtivo -em particular as
empresas que, simplesmente por
cumprir a legislação, se colocam em
posição de grave desvantagem ante
aquelas que eludem o fisco- têm dificuldades para arcar com tamanho
ônus. Não é coincidência o fato de,
concomitantemente a esse processo
violento de aumento da carga fiscal,
a economia brasileira apresentar tão
baixo dinamismo.
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