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TERROR E BARBÁRIE
Em menos de uma semana, terroristas islâmicos decapitaram
dois civis -um norte-americano, seqüestrado na Arábia Saudita, e um
sul-coreano, no Iraque. No primeiro
caso, os extremistas exigiam a libertação de membros da Al Qaeda mantidos presos pelo governo saudita.
No segundo, ofereciam a vida do refém em troca da retirada da missão
militar da Coréia do Sul de território
iraquiano. Os dois brutais assassinatos foram precedidos pela execução
de um segurança italiano no Iraque,
no mês de abril, em meio a uma onda de seqüestros de cidadãos de diversas nacionalidades.
As execuções fazem parte de um
festival de horrores que projeta sobre
a história contemporânea a sombra
da intolerância e da barbárie. Protagonista nesse cenário macabro, o
terrorismo islâmico vai se constituindo numa das mais perturbadoras e estúpidas causas da insegurança internacional. Pode matar pessoas
comuns numa estação ferroviária européia, explodir um restaurante na
Ásia ou assassinar civis muçulmanos
na Arábia Saudita.
Não faltam motivos morais para
repudiar com veemência toda a forma de terrorismo, mas a eles podem-se acrescentar razões de outra ordem. Seja qual for a bandeira que diz
defender, o terror mina o território
da política, promove a militarização
das relações nacionais e internacionais e ajuda a legitimar a reação bélica, não raro irracional, de Estados
que buscam se defender. Feitas as
contas, o terrorismo freqüentemente
acaba por servir aos interesses daqueles que pretende enfrentar.
Não é tarefa simples combater o
terror. Exige recursos, determinação
e visão estratégica em diversas frentes, da diplomática à política, passando pela militar. Por mais, no entanto, que se espere dos atores mundiais que movam esforços nesse sentido, sobrevive um sentimento de ceticismo sobre a real capacidade da
comunidade internacional de levar a
bom termo a eliminação dessa terrível chaga de nosso tempo.
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