São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

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TERROR E BARBÁRIE

Em menos de uma semana, terroristas islâmicos decapitaram dois civis -um norte-americano, seqüestrado na Arábia Saudita, e um sul-coreano, no Iraque. No primeiro caso, os extremistas exigiam a libertação de membros da Al Qaeda mantidos presos pelo governo saudita. No segundo, ofereciam a vida do refém em troca da retirada da missão militar da Coréia do Sul de território iraquiano. Os dois brutais assassinatos foram precedidos pela execução de um segurança italiano no Iraque, no mês de abril, em meio a uma onda de seqüestros de cidadãos de diversas nacionalidades.
As execuções fazem parte de um festival de horrores que projeta sobre a história contemporânea a sombra da intolerância e da barbárie. Protagonista nesse cenário macabro, o terrorismo islâmico vai se constituindo numa das mais perturbadoras e estúpidas causas da insegurança internacional. Pode matar pessoas comuns numa estação ferroviária européia, explodir um restaurante na Ásia ou assassinar civis muçulmanos na Arábia Saudita.
Não faltam motivos morais para repudiar com veemência toda a forma de terrorismo, mas a eles podem-se acrescentar razões de outra ordem. Seja qual for a bandeira que diz defender, o terror mina o território da política, promove a militarização das relações nacionais e internacionais e ajuda a legitimar a reação bélica, não raro irracional, de Estados que buscam se defender. Feitas as contas, o terrorismo freqüentemente acaba por servir aos interesses daqueles que pretende enfrentar.
Não é tarefa simples combater o terror. Exige recursos, determinação e visão estratégica em diversas frentes, da diplomática à política, passando pela militar. Por mais, no entanto, que se espere dos atores mundiais que movam esforços nesse sentido, sobrevive um sentimento de ceticismo sobre a real capacidade da comunidade internacional de levar a bom termo a eliminação dessa terrível chaga de nosso tempo.


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