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Presidência errática
Dilma Rousseff resolveu mudar
o formato das reuniões semanais
da coordenação política do governo. A presidente adotará, segundo
se noticia, um sistema de rodízio
entre ministros que não compõem
o núcleo fixo do encontro, formado por nove membros.
Será convidado, a cada semana, o responsável pelo assunto em
pauta ou ministros que tenham interlocução mais direta com as
bancadas do governo no Congresso. Não está nada claro, mais uma
vez, como isso vai funcionar.
Em si mesmo pouco relevante, o
rodízio é sintomático das dúvidas
sobre a capacidade de atuação política do governo federal.
Gleisi Hoffmann, da Casa Civil,
e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, são quadros do segundo escalão do petismo alçados ao
centro nervoso do poder. Embora
escolhidas para desempenhar
funções complementares -a de
gerente e a de articuladora política-, ambas têm trabalhado numa
parceria improvisada, sem papéis
bem definidos. É o que acontece,
por exemplo, na negociação de
cargos para os aliados.
Não há, em princípio, problema
nisso, mas -de novo- trata-se de
um indicador de que o Planalto
não se reorganizou após a saída
de Antonio Palocci, cujo protagonismo era incontrastável até a crise que o arrancou da Casa Civil.
Seria menos preocupante se os
dois maiores partidos da base aliada não dessem tantos sinais de insatisfação, a toda hora chantageando o Planalto abertamente.
Num encontro entre petistas, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva entendeu que era preciso
chamar a atenção da bancada
paulista do PT para os riscos das
disputas internas. Como na crise
Palocci, o ex-presidente busca
uma projeção que solapa a autoridade da sucessora.
A maioria de Dilma no Congresso só é gigantesca no papel. Na
prática, revela-se uma base ladina
e pouco coesa, que precisa ser
agraciada a cada votação. No caso
do Código Florestal, o desfecho foi
muito desfavorável ao Planalto,
inclusive porque coincidiu com o
calvário de Palocci.
Agora, na questão dos sigilos
-do orçamento das obras da Copa
e dos documentos oficiais-, o governo revive dificuldades com o
Congresso. E Dilma volta a manifestar comportamento errático.
É bom que o Parlamento se
mostre ativo e que a presidente demonstre flexibilidade na condução do país. O que se registra, porém, é bem diverso: um comando
frequentemente afrontado e convicções frouxas sobre que direção
imprimir à política nacional.
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