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CLÓVIS ROSSI
Ridículo, grotesco e caricato
SÃO PAULO - O Banco Central perdeu completamente o contato com a
realidade. Reduzir a taxa básica de
juros em apenas 1,5 ponto percentual
é ridículo, grotesco e caricato, como
dizia um antigo cronista esportivo,
Geraldo Bretas, já morto.
A decisão do BC revela, se ainda
fosse preciso, que o governo Luiz Inácio Lula da Silva está com a agenda
totalmente errada. Gasta energias infindáveis com a reforma da Previdência, já começa a se enroscar com a
outra reforma (a tributária) e parece
alheio ao verdadeiro problema do
país, que é a recessão que se vai instalando cada vez com mais força.
O desemprego bate sucessivos recordes. São quase 450 mil novos desempregados só nos seis meses de gestão Lula. Não adianta dizer que a
culpa é do governo anterior. É também, mas não é só.
Se o BC de Lula tivesse um mínimo
de fio terra, já teria começado a redução dos juros há pelo menos dois meses. Ou teria feito uma redução mais
forte que o ridículo meio ponto do
mês passado. E, finalmente, teria,
desta vez, passado a tesoura com o vigor que os fatos exigem.
Qual pode ser a maldita justificativa para tão pífia redução? Ameaça
inflacionária? Brincadeira. O risco
agora é de deflação.
Tampouco me venham com a conversa fiada de que Fazenda e Planalto não interferem na decisão sobre
juros. Em qualquer país do mundo,
mesmo nos países sérios, coisa que o
Brasil nunca foi e dificilmente será,
há, sim, interferência, maior ou menor, conforme as características de
cada governante.
Portanto não basta culpar Henrique Meirelles pelo ridículo corte de
ontem. É também culpado, mas os
maiores responsáveis são o ministro
da Fazenda e o presidente da República. Estão cometendo o maior crime que um político pode cometer:
não saber ler a conjuntura do país.
Pena que pagarão pelo erro menos
do que os cidadãos indefesos.
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