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MÉRITO NA PESQUISA
Os números da distribuição nacional de bolsas de doutorado pelo
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
referentes ao ano passado dão subsídios ao debate sobre a conveniência
ou não da criação de cotas regionais.
Como esta Folha informou, 81,7%
do total de recursos destinados a essas bolsas se concentrou nos Estados
do Sudeste. A mesma região congrega ainda 78,8% do número total de
doutorandos do país.
É inconteste a enorme desigualdade regional na produção de ciência e
tecnologia no Brasil -e não só aí. O
que talvez seja precipitado é argumentar que mera e simplória política
de distribuição de bolsas contribua
para alterar essa concentração. Ela é
apenas um sintoma do problema da
desigualdade regional.
O problema maior encontra-se justamente na distribuição dos bons
centros de pesquisa, não na concessão de bolsas. Para enfrentá-lo, a
principal arma é o incentivo ao desenvolvimento científico e tecnológico das regiões menos privilegiadas.
Reformar as universidades federais,
tornando-as mais atrativas para pesquisadores qualificados, por exemplo, é um ponto que ainda está por
ser atacado pelo governo e que poderia ajudar a atenuar o problema.
A política mais eficaz seria a de incentivar a criação de centros de excelência, onde os pesquisadores pudessem receber melhor formação e tivessem condição de desenvolver seus
trabalhos de modo competente. A
distribuição de bolsas pelo critério de
cotas, e não pelo do mérito, não combate a raiz da desigualdade.
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