São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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MÉRITO NA PESQUISA

Os números da distribuição nacional de bolsas de doutorado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) referentes ao ano passado dão subsídios ao debate sobre a conveniência ou não da criação de cotas regionais.
Como esta Folha informou, 81,7% do total de recursos destinados a essas bolsas se concentrou nos Estados do Sudeste. A mesma região congrega ainda 78,8% do número total de doutorandos do país.
É inconteste a enorme desigualdade regional na produção de ciência e tecnologia no Brasil -e não só aí. O que talvez seja precipitado é argumentar que mera e simplória política de distribuição de bolsas contribua para alterar essa concentração. Ela é apenas um sintoma do problema da desigualdade regional.
O problema maior encontra-se justamente na distribuição dos bons centros de pesquisa, não na concessão de bolsas. Para enfrentá-lo, a principal arma é o incentivo ao desenvolvimento científico e tecnológico das regiões menos privilegiadas. Reformar as universidades federais, tornando-as mais atrativas para pesquisadores qualificados, por exemplo, é um ponto que ainda está por ser atacado pelo governo e que poderia ajudar a atenuar o problema.
A política mais eficaz seria a de incentivar a criação de centros de excelência, onde os pesquisadores pudessem receber melhor formação e tivessem condição de desenvolver seus trabalhos de modo competente. A distribuição de bolsas pelo critério de cotas, e não pelo do mérito, não combate a raiz da desigualdade.



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