São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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Momentos inolvidáveis

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Falar de sexo já foi tabu na imprensa. Era de mau gosto. Nem por isso a sociedade era puritana, pelo contrário, era mais depravada do que a de hoje. Mesmo assim, continuo implicando com o discurso moralista das feministas de vários tamanhos e intenções. É talvez o pior dos moralismos em atividade.
A melhor regra (sem segunda intenção) para o prazer feminino é não ter regra alguma. Como no caso masculino, cada um que tenha o seu da forma que melhor lhe convier, inclusive não tendo prazer algum, se for o caso.
Lembro um caso que li em velha crônica de Humberto de Campos. Houve um problema de fronteira com a Bolívia, soldados brasileiros invadiram uma vilazinha do lado de lá.
Saquearam pouco, mas estupraram muito. Eram brasileiros. Quando soube da reprovável ação dos soldados, um marechal foi destacado para ir à vila pedir desculpas pelo procedimento abominável dos nossos patrícios.
O marechal soube que uma senhora de 40 anos havia se submetido aos bestiais instintos de nada menos que 150 investidas de nossas cores. Horrorizado, o marechal foi visitá-la, ajoelhou-se em lágrimas a seus pés, beijou-lhe as mãos, declarou-se envergonhado pela ação dos soldados, garantiu que um rigoroso inquérito iria punir os tarados etc. Só queria saber se haviam sido 150 os criminosos. Uns diziam que eram mais.
Prostrada na cama após tantas investidas, a mulher aceitou as desculpas, mas não soube precisar o número das violações. Apenas suspirou: ""Mariscal... que momentos inolvidables!...".


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