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DEMOCRACIA E MARKETING
As democracias de massa
modernas são a mais razoável
forma de organização política de que
se tem notícia. Embora regimes autoritários também possam gerar riqueza e promover a melhoria de indicadores sociais, não é por acaso que
os 22 países com melhor pontuação
no IDH-2004 (Índice de Desenvolvimento Humano) são democráticos.
Essa forma de governo não apenas
se mostra mais eficiente na promoção do bem comum como preserva
os valores fundamentais da liberdade. Não é, contudo, como se sabe,
um sistema sem defeitos. E um que
se torna recorrente nesta era de comunicação de massas e pesquisas de
opinião é a manipulação do eleitor.
Com efeito, campanhas eleitorais
cada vez mais se degeneram em puro
marketing. Deixam de ser um espaço
de apresentação de idéias e de propostas para converter-se numa caixa
de ressonância em que os eleitores
assistem a milionárias produções de
TV que dizem exatamente aquilo que
as pesquisas mostram que ele estaria
interessado em ouvir.
Nesse contexto, o profissional de
marketing contratado por uma campanha pode tornar-se mais decisivo
que as teses defendidas pelo candidato, e o dinheiro para as despesas
publicitárias passa a ser mais importante do que a estrutura partidária.
O fenômeno é mundial. O custo da
campanha presidencial dos EUA
deste ano já superou a marca de US$
1 bilhão, quase o dobro do levantado
no mesmo período na eleição de
2000. Pode-se imaginar, numa perspectiva otimista, que o eleitor aprenda com sua própria experiência. O
resultado desse aprendizado, no entanto, parece traduzir-se em descrença e ceticismo em relação à política,
como se observa em muitas das sociedades contemporâneas.
Apesar dessa e de outras imperfeições, a democracia continua sendo,
na célebre definição do estadista britânico Winston Churchill, "a pior
forma de governo, exceto todas as
outras formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos".
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