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Editoriais
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Pânico no metrô
Provocada, como insinuam personalidades ligadas ao governo
do Estado, ou acidental, a paralisação por duas horas da linha 3 do
metrô paulistano, na manhã da
última terça-feira, expõe uma fragilidade preocupante no sistema
de transporte público.
A se acreditar na versão oficial,
uma blusa impediu o fechamento
de uma das portas de um vagão, o
que teria paralisado aquela composição. Sem refrigeração e espremidos dentro do trem -cuja lotação em horários de pico excede o
aceitável-, os passageiros acionaram o botão de emergência para abrir as portas e poder sair do
veículo.
O incidente obrigou os técnicos
do Metrô a desligar o sistema que
fornece energia para toda a linha,
o que levou o desespero dos passageiros a se propagar por outros
trens. O efeito cascata resultou na
paralisação do serviço por mais de
duas horas.
Se a reação no primeiro trem era
difícil de evitar, sua reprodução
nas demais composições poderia
ter sido impedida caso houvesse
uma comunicação eficiente do
que estava ocorrendo. A falta de
informação clara preparou o terreno para que circulassem boatos
sobre incêndios ou bombas, disseminando pânico.
A hipótese de uma ação intencional para paralisar o metrô não
deve ser descartada de antemão.
São levianas, contudo, declarações como a da coordenadora de
internet da campanha de José Serra (PSDB), Soninha Francine, que
escreveu no Twitter que o "metrô
tem problemas na proporção direta da proximidade com a eleição"
e concluiu falando em "sabotagem", mesmo sem qualquer prova
para sustentar suas afirmações.
Paralisações no metrô, ainda
que com impacto bem inferior,
vêm se tornando constantes desde
agosto. Panes e interferências
atrasaram as viagens ao menos
seis vezes nas últimas semanas.
O aumento no número de usuários à medida que se expande o alcance do metrô tende a torná-lo
cada vez mais suscetível a problemas como esses.
Longe dos debates e das paixões eleitorais, o papel das autoridades é elucidar o incidente e agir
para que algo semelhante não volte a ocorrer.
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