São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Pânico no metrô

Provocada, como insinuam personalidades ligadas ao governo do Estado, ou acidental, a paralisação por duas horas da linha 3 do metrô paulistano, na manhã da última terça-feira, expõe uma fragilidade preocupante no sistema de transporte público.
A se acreditar na versão oficial, uma blusa impediu o fechamento de uma das portas de um vagão, o que teria paralisado aquela composição. Sem refrigeração e espremidos dentro do trem -cuja lotação em horários de pico excede o aceitável-, os passageiros acionaram o botão de emergência para abrir as portas e poder sair do veículo.
O incidente obrigou os técnicos do Metrô a desligar o sistema que fornece energia para toda a linha, o que levou o desespero dos passageiros a se propagar por outros trens. O efeito cascata resultou na paralisação do serviço por mais de duas horas.
Se a reação no primeiro trem era difícil de evitar, sua reprodução nas demais composições poderia ter sido impedida caso houvesse uma comunicação eficiente do que estava ocorrendo. A falta de informação clara preparou o terreno para que circulassem boatos sobre incêndios ou bombas, disseminando pânico.
A hipótese de uma ação intencional para paralisar o metrô não deve ser descartada de antemão. São levianas, contudo, declarações como a da coordenadora de internet da campanha de José Serra (PSDB), Soninha Francine, que escreveu no Twitter que o "metrô tem problemas na proporção direta da proximidade com a eleição" e concluiu falando em "sabotagem", mesmo sem qualquer prova para sustentar suas afirmações.
Paralisações no metrô, ainda que com impacto bem inferior, vêm se tornando constantes desde agosto. Panes e interferências atrasaram as viagens ao menos seis vezes nas últimas semanas.
O aumento no número de usuários à medida que se expande o alcance do metrô tende a torná-lo cada vez mais suscetível a problemas como esses.
Longe dos debates e das paixões eleitorais, o papel das autoridades é elucidar o incidente e agir para que algo semelhante não volte a ocorrer.


Texto Anterior: Editoriais: Margem de incerteza
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Fábula da feijoada
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.