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CLÓVIS ROSSI
Bons e maus companheiros
SÃO PAULO - O "companheiro" George Walker Bush estuda convidar
seu colega virtualmente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva, para uma visita
aos Estados Unidos o mais rapidamente possível.
A informação foi dada por John
Maisto, responsável pela América
Latina no Conselho de Segurança
Nacional dos Estados Unidos, a um
alto funcionário de um país sul-americano cujo nome a Folha se comprometeu a preservar.
Essa autoridade sul-americana
jantou com Condoleezza Rice, assessora de Bush para Segurança Nacional, ainda antes do primeiro turno,
aproveitando o fato de ter sido colega
de faculdade dela.
Comentou com Condoleezza que
Lula seria eleito e, mais, que seria
"um grande presidente". Sugeriu que
os EUA não cometessem com Lula
"os erros que cometeram com tantos
países latino-americanos".
Ela, sensibilizada, recomendou que
o interlocutor procurasse Maisto.
Foi nessa segunda conversa que o
norte-americano antecipou a idéia
de convidar Lula para fazer aos EUA
uma de suas primeiras viagens internacionais após a eleição, antes ou depois da posse (a primeira deverá ser a
Buenos Aires).
A simpatia norte-americana, se
real, não é exatamente por encanto
com Lula. Trata-se do exercício da
mais pura "Realpolitik".
Da ótica norte-americana, já há
problemas em penca na América Latina para que os Estados Unidos assanhem mais um -por ação ou por
omissão. Há a Colômbia, cuja guerra
civil só faz aumentar, há a Venezuela
e a sua turbulência institucional crescente, há a Argentina e a sua crise
agônica (e uma eleição de resultado
imprevisível), há um coronel de esquerda (Lucio Gutiérrez) com chances de ganhar no Equador e há outro
esquerdista (Tabaré Vázquez) favorito no Uruguai.
Chamar alguém de "companheiro"
na região é, pois, tudo o que Bush
gostaria de poder fazer.
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