RIO DE JANEIRO - Na sessão de encerramento da Cúpula de Negócios da América Latina, o diretor-gerente do Fórum Econômico Mundial, Frédéric Sicre, resumiu a disposição dos homens de negócios diante de Lula como "otimismo cauteloso".
Tomando como base os rumos das relações entre o Brasil de Lula e os EUA de Bush, é algo assim: convém ao novo governo brasileiro abrir bons canais com a principal potência, mas avisando que vai "jogar duro", e convém ao governo e às empresas americanas darem crédito a Lula e ao PT, mas com um pé atrás.
Bush e Lula se encontram em Washington no dia 10 de dezembro sob uma enorme expectativa. Dos dois lados. Bush tem muitas outras prioridades além do Brasil -como jogar bombas no Iraque-, mas a diplomacia americana e os organismos internacionais tradicionalmente comandados pelos EUA querem apoio do Brasil para, por exemplo, a implantação da Alca em 2005.
Quanto a Lula, tem muitas prioridades internas, como mostrar a que veio para as milhões de pessoas que votaram nele à espera de mudanças. Mas tem também uma superprioridade externa: resgatar a confiança no Brasil, estancar os cortes de investimentos e até atrair novos. Em setores produtivos, por favor.
A angústia internacional em relação a Lula é superlativa, principalmente na América Latina. Lula pode ser um fiasco, repetindo o fiasco entre as intenções e a prática de Chávez, com menos trauma. Ou, no sentido diametralmente oposto, dar a resposta que o mundo inteiro espera: como avançar da globalização, do neoliberalismo e das privatizações para um modelo que agregue um choque social ao equilíbrio fiscal.
Se conseguir tal façanha histórica, Lula terá se convertido num líder não apenas nacional mas mundial. Os prudentes dirão que nem tanto ao mar nem tanto ao ar, mas o que seria, ou será, o meio-termo?
Permanece, pois, a dúvida que permeou toda a cúpula de negócios no Rio: "otimismo cauteloso" ou "pessimismo dissimulado"?


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