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ELIANE CANTANHÊDE
A agonia de Palocci
BRASÍLIA - O coordenador político do governo, Jaques Wagner, arrancou o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) de um jantar na segunda-feira para que, juntos, tentassem demover Antonio Palocci de
abandonar o Ministério da Fazenda.
Greenhalgh jantava com três outros deputados governistas na casa
do presidente da Câmara, Aldo Rebelo, quando Jaques ligou, avisando
que Palocci estava "jogando a toalha". Greenhalgh e Jaques foram então ouvir as lamentações do demissionário Palocci. E saíram desanimados.
Em menos de 24 horas, tudo mudou. Lula cedeu à pressão para manifestar apoio ao ministro, Jaques foi
dizer à imprensa que tudo está maravilhoso e Palocci, como esperado, se
deu bem em mais um amistoso depoimento no Congresso. A oposição
nem quer mais ouvi-lo na CPI.
Além disso, Palocci faz-se de sonso,
mas tem uma verdadeira máquina
de versões, alternando desde a ameaça de largar tudo nas mãos do temido
Mercadante até o juramento contrário, de não sair nem morto.
Daí é que, num dia, o ministro está
caindo. No seguinte, está sólido feito
uma rocha. No terceiro, o vice e um
ministro qualquer batem nele. No
quarto, depois de chuvas e trovoadas,
vem Lula elogiá-lo. E nunca se sabe
se, e quando, virão um Buratti ou um
Poletto para implodir a rocha.
O único fato real, que atravessa
dias, noites e madrugadas, é que Palocci não tem mais a mesma força
que já teve no governo e que dificilmente, muito dificilmente, voltará a
ter. Suas relações com Lula e com Dilma esgarçaram-se, o mercado lava as
mãos e lá se foi sua aura de intocável
(sob diferentes aspectos).
Resultado: Palocci pode até ficar
mais um dia, uma semana, um mês,
mas não convém crer piamente no
compromisso de Lula ontem de que
ele fica até o fim do seu governo. Depende de muitas coisas, inclusive de
Buratti e do discernimento e da fidelidade do próprio Lula. É aí que moram todos os perigos.
@ - elianec@uol.com.br
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