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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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CRÉDITO RESTRITO

O volume das operações de crédito do sistema financeiro brasileiro alcançou R$ 404,9 bilhões em novembro, representando 25,6% do Produto Interno Bruto segundo o Banco Central. Em 1994, a fatia era de 37% do PIB. Os empréstimos concedidos pelos bancos privados totalizaram R$ 239,9 bilhões, com uma expansão de 2,5% no ano. Já os financiamentos dos bancos públicos atingiram R$ 165 bilhões, o que representou aumento de 14,3% no ano.
Como se pode observar, os bancos privados mostraram maior resistência na ampliação da oferta de crédito do que as instituições públicas, entre as quais se destaca o BNDES.
Note-se que desde junho o BC reduziu a taxa de juro básica (Selic) em dez pontos percentuais, o que provocou redução das taxas cobradas pelos bancos, mas de forma aquém da desejada. Em novembro, os juros médios cobrados nos empréstimos para as empresas eram de 32,3% ao ano e, para as pessoas físicas, de 68,2%. Registrou-se também em novembro, pelo terceiro mês consecutivo, uma queda na inadimplência -que ficou em 8,4%, com ênfase nas carteiras de pessoas físicas. A antecipação do 13º salário parece ter ajudado na quitação de dívidas e nas compras a crédito de veículos e de bens de consumo.
A despeito, porém, da queda da taxa de juros básica e da inadimplência, os "spreads" bancários (a diferença entre o custo de captação e o de empréstimo dos bancos) permaneceram praticamente imutáveis: em torno de 14,4 pontos percentuais ao ano para crédito às empresas e 54 pontos para crédito às pessoas físicas. Em novembro, a taxa Selic recuou 1,5 ponto percentual, mas o "spread" médio ficou estável, tendo passado de 30,5 pontos percentuais em outubro para 30,4 pontos.
Esses dados evidenciam que os bancos procuram manter as altas margens nas operações de crédito. Os elevados "spreads" são uma distorção persistente no Brasil, que desfavorece a recuperação do consumo, da produção e do emprego, devendo merecer maior atenção das autoridades econômicas.


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