UOL




São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

A educação é a solução

MILÚ VILLELA

Nesse período de festas de fim de ano, é sempre oportuno lembrar que o melhor presente de Natal para as nossas crianças e adolescentes sempre foi e sempre será educação. Um caminho de luz e sabedoria que possibilita que todo ser humano se desenvolva em sua plenitude: afetivamente, intelectualmente, culturalmente, psicologicamente, socialmente; enfim, trata-se de um espaço de clarividência em que todos os equívocos da nossa civilização podem ser superados.
Educação é para toda a vida. A partir do momento em que uma criança é inserida no caminho do saber, esse processo vai acompanhá-la até o máximo de longevidade.
Educação é sinônimo de amor ao ser humano. É uma das poucas possibilidades para inauguramos um período permanente de paz no mundo em que vivemos. Ministros da Educação de todo o planeta, no ano passado, em reunião promovida pela Unesco, no Birô Internacional da Educação, votaram, por unanimidade, pela introdução da educação para a paz em todos os estabelecimentos de ensino.


O livro é uma espécie de espaço de resistência para a correria do mundo cibernético em que vivemos


Educação é principalmente sinônimo de cidadania, de resgate da auto-estima de tantas crianças, jovens e adultos que precisam encontrar um espaço para desenvolver o potencial que a natureza lhes deu, mas que dificilmente consegue vir à tona em regiões tão carentes de tudo, dominadas pela miséria e pela violência. É preciso democratizar o acesso à internet e modernizar o conceito de educação com o auxílio sempre necessário da inclusão digital.
Um exemplo a ser seguido é o programa "A Escola de Cara Nova na Era da Informática", da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, que já foi implantado em 2.931 escolas, onde estudam cerca de 3,4 milhões de adolescentes e jovens.
Modernizar o ensino segundo as exigências tecnológicas do século 21 e transformar as escolas em pontos de encontro para toda a família. A escola como uma espécie de templo da convivência, da tolerância, do lazer educativo e da cidadania, onde a cultura do voluntariado possa ser ensinada como uma disciplina imprescindível à construção de um mundo mais digno e justo.
O Faça Parte-Instituto Brasil Voluntário vem seguindo à risca essa filosofia e tem colocado em prática projetos importantes, como o programa "Jovem Voluntário, Escola Solidária", que tem por objetivo difundir, destacar e estimular as ações voluntárias nas escolas. Em parceria com o Ministério da Educação, o Conselho Nacional dos Secretários de Educação, a União dos Dirigentes Municipais de Educação e a Unesco, o Faça Parte também criou o Selo Escola Solidária 2003, para reconhecer e divulgar o trabalho de tantas escolas que vêm colocando em prática a cultura do voluntariado.
O Brasil ainda tem 3 milhões de crianças nas ruas e mais de 5 milhões envolvidas no trabalho infantil. Muita coisa precisa ser feita. Apenas 3,4% dos brasileiros terminam um curso superior.
O caminho da educação precisa ser construído como uma utopia real de desenvolvimento humano no nosso país. Uma estrada de autoconhecimento e de sabedoria ao alcance de todos, descortinando lá na frente o conceito de cidadania em seu sentido mais amplo.
Às vésperas do Natal, o melhor presente, que jamais saiu de moda, continua sendo um bom livro. Uma visita às bibliotecas da cidade. Esforços no sentido de mostrar às crianças e aos jovens que o universo inteiro pode estar contido num bom livro. O livro é uma espécie de espaço de resistência para a correria do mundo cibernético em que vivemos. Na leitura de um livro, há sempre a possibilidade de uma reflexão menos apressada; há sempre a chance de reler, reler e depois continuar descobrindo novas histórias, saberes, conhecimentos, tantas aventuras. Ler e reler. E atingir a essência do conhecimento com os próprios olhos.
A maior parte das cidades brasileiras deveria seguir o exemplo de Ribeirão Preto, que em menos de dois anos conseguiu aumentar de três para 56 o número de bibliotecas públicas na cidade, cada uma com cerca de 2.000 a 3.000 títulos. A meta é chegar a 80 bibliotecas até o final do próximo ano.
É importante lembrar o "Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil", divulgado no início de outubro e preparado pelo PNUD (Programa Nacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento), pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pela Fundação João Pinheiro. O indicador que mais contribuiu para a melhoria no Índice de Desenvolvimento Humano no país foi o aumento de matrículas no ensino fundamental. Educação é a solução!

Milú Villela, 57, empresária, é presidente do Faça Parte-Instituto Brasil Voluntário, do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) e do Instituto Itaú Cultural.


Texto Anterior: Frases

Próximo Texto: Leonardo Boff: Natal sob Lula e sob Bush
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.