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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Responsabilidade social
"A entrevista do banqueiro Roberto Setubal ("Lula "surpreende" ao cumprir o que prometeu, diz banqueiro", Entrevista da 2ª, 22/12) ilustra muito bem o grau de responsabilidade social do chamado andar de cima. Não há nenhuma empatia com os sacrifícios impostos ao andar de baixo, nenhum constrangimento pelo fato de o setor estar arrebentando de ganhar dinheiro enquanto milhões de brasileiros perdem o emprego e vêem a renda do trabalho diminuir a cada ano. O remédio nunca é amargo demais quando são outros os que o tomam."
Celso Balloti (São Paulo, SP)

Aids
"Gostaria de parabenizar o leitor Mário Rudolf por sua lucidez e coragem ("Painel do Leitor", 23/12). Para começarmos a pensar na situação atual do problema da Aids, uma linha da carta dele é mais importante do que todos os discursos dogmáticos que a Igreja Católica tem feito acerca dessa doença ainda tão grave."
Leandro Veiga Dainesi (Lorena, SP)

Percepção
"Cumprimento a jornalista Eliane Cantanhêde pelo excelente artigo "Sempre em frente, marche!" (Opinião, 19/12). Ela resumiu muito bem a situação que vivemos -com clareza, isenção, experiência e, acima de tudo, com olhos de quem consegue se afastar e analisar fatos numa perspectiva de longo prazo. Como ela bem lembrou, sempre existe distância entre o que percebe o povo e como se comportam as pessoas que estão no governo -algumas das quais são especialistas em bajulação. Só pode admitir que as ruas estejam insatisfeitas quem não depende do povo, como é o caso de monarcas absolutistas, ditadores e assemelhados. Sem voltar ao passado longínquo, tivemos Médici e a famosa frase que tanta irritação provocou em Delfim Netto: "A economia vai bem, mas o povo vai mal". Infelizmente, como afirmou Eliane Cantanhêde, neste momento estão mal a economia e o povo."
Eli Silva Teixeira (Brasília, SP)

Geografia do analfabetismo
"Cinco milhões de analfabetos com mais de 15 anos já frequentaram a escola e 33 milhões com menos de 15 anos a estão frequentando. A aritmética dirá que são 38 milhões, a estatística dirá que são 22,3%, o MEC dirá que são uma triste herança e o país dirá que são uma vergonha histórica."
Ergógiro Dantas, pedagogo aposentado (Rio de Janeiro, RJ)

Ações afirmativas
"O processo de implementação das ações afirmativas para negros no Brasil tem enfrentado não só a resistência dos que a ele são contrários como eventuais incompreensões de alguns que são favoráveis a ele. A reportagem "Em MS, foto diz quem entra por cotas para negros" (Cotidiano, 15/12) é uma expressão do segundo caso: apesar da correta intenção de evitar fraudes, a proposta da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul incorre em problemas apontados pelas declarações do presidente do Conselho Estadual dos Direitos dos Negros, que faz parte da comissão encarregada de definir pelas fotos os possíveis beneficiários das cotas. Segundo o que foi publicado, o presidente teria declarado que o fenótipo exigido foi "lábios grossos, nariz chato e cabelo pixaim" e que a lei foi direcionada para "negros, e não para afrodescendentes".
O primeiro equívoco é supor que todos os negros -mesmo africanos- preencham esses critérios. O segundo é estabelecer uma diferença entre "negros" e "afrodescendentes" -termo que foi institucionalizado na Conferência Regional de Santiago, preparatória à 3º Conferência Mundial contra o Racismo, porque, nos outros países latino-americanos, o termo "negro" é considerado pejorativo pelo movimento social organizado, que se denomina afro-colombiano, afro-venezuelano, afro-uruguaio etc. Nós, brasileiros, tivemos de abrir mão do termo "negro" para construir uma ação unificada de todas as organizações do continente -e chegou-se ao termo afrodescendente. O terceiro equívoco é supor que cinco pessoas possam definir objetivamente quem é negro. A identidade étnica resulta de um processo político e histórico. Para a Unesco, a alternativa utilizada em Mato Grosso do Sul não é a solução. As dificuldades colocadas pela autodeclaração devem ser enfrentadas com programas de cunho político-educativo a serem desenvolvidos com os candidatos e com os beneficiários que assumirem a sua condição de negros. Somente assim se combaterá o oportunismo de quem não sofre discriminação, mas pretende beneficiar-se de uma proposta destinada às vítimas do racismo." Edna Maria Santos Roland, coordenadora de Combate ao Racismo e à Discriminação
Racial da Unesco-Brasil (Brasília, DF)

Oposição
"Em "Oposição às cegas" (Opinião, pág. A2, 18/12), Otavio Frias Filho descreve como surpreendente a política conservadora anunciada por Lula na campanha e confirmada durante o seu primeiro ano de governo. Isso contra todos os seus vaticínios da época que davam conta do caos econômico que nos traria a administração petista. Pois bem, de nada valeu a lição. O diretor de Redação parece continuar dando valor apenas às suas próprias opiniões. Tanto que termina o texto afirmando que a população continua acreditando em Lula porque ainda não lhe caiu a ficha. Presunção é assim mesmo, cega como a oposição da análise de Frias."
Rui Marin Daher (São Paulo, SP)

Mudanças
"Jorge Bornhausen, que em toda a sua vida pública nunca votou nada contra o governo, votou, agora, contra as reformas propostas por Lula ("Por que votei "não", "Tendências/Debates", 21/12). E depois ainda há gente que diz que o Brasil não mudou. Mudou, sim, e muito."
Maria Tereza Pereira (Belo Horizonte, MG)

Raízes
"Como já dizia Ecléa Bosi: "Fica o que significa". Numa cidade cosmopolita como a nossa Sampa, buscar raízes é de relevância cultural para nossa identidade como povo. Parabenizo o Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura e a Plamarc pela organização do site www.dicionarioderuas.com.br e a Folha pela publicação da reportagem "Site explica a origem dos nomes de ruas" (Cotidiano, 19/12)."
Paula Pozzi, socióloga (São Paulo, SP)

Boas-festas
A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de: Instituto Cine Cultural (São Paulo, SP); Marcos Wilson, diretor-executivo da Odebrecht S.A. (São Paulo, SP); Derick Moyo, cônsul-geral do Consulado Geral da República da África do Sul em São Paulo (São Paulo, SP); Alfabetização Solidária (Brasília, DF); Luiz Carlos Santos, deputado federal pelo PFL-SP (Brasília, DF); Paulo Marra Assessoria de Comunicação (São Paulo, SP); Eduardo Simbalista e Mauricio Bacellar, Coca-Cola Brasil (Rio de Janeiro, RJ).


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