São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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FONTES DE FINANCIAMENTO

A abundante liquidez internacional, associada a um superávit comercial recorde, facilitou no ano passado o acesso de empresas e bancos brasileiros aos mercados externos de capitais. O montante de recursos captados no exterior subiu de US$ 9,3 bilhões para US$ 23,7 bilhões, representando um aumento de 156% em relação a 2002, de acordo com a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
As melhores condições de prazos e taxas de juros no mercado internacional em relação aos praticados no mercado doméstico ajudam a compreender essa retomada das captações externas, cujo dano colateral é a ampliação do endividamento em moeda estrangeira, o que recoloca o risco de desequilíbrio patrimonial em caso de variações cambiais.
Um processo de retomada do crescimento econômico irá provocar a necessidade de as empresas obterem recursos para a expansão da capacidade produtiva. Recoloca-se, portanto, a relevância do aprofundamento do mercado de capitais doméstico.
Nesse sentido, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acaba de reformular as regras para a oferta pública de ações e títulos e espera estimular o lançamento de produtos, sobretudo para aquelas empresas com baixa proteção contra as oscilações cambiais e com dificuldades de captação no mercado externo.
Os fundos de recebíveis, regulamentados no final de 2001, nos quais as empresas cedem receitas futuras em troca de recursos de longo prazo, captaram R$ 2,3 bilhões em 2003, numa performance auspiciosa.
A Bovespa também pretende lançar um projeto para estimular programas de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de trabalhadores, com uso de ações, fundos e clubes de investimentos. A aplicação da PLR em fundos de ações pode facilitar o processo de popularização do mercado de capitais -oportunidade histórica que foi perdida por ocasião das privatizações da década de 90.
São iniciativas alvissareiras que merecem ser valorizadas. As empresas do país necessitam de mais fontes de financiamento de longo prazo em moeda local, não podendo ficar, quanto a isso, dependendo única e exclusivamente do BNDES.



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