São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

A grande São Paulo e o bom amigo

Nasci e fui criado em São Paulo. Aqui estudei, aqui construí minha família, aqui fiz os meus amigos, aqui comecei a trabalhar, aqui trabalho até hoje, aos 75 anos, tempo suficiente para ter me apaixonado pela cidade e por todos que me cercam.
Volta e meia protesto contra as mazelas da cidade. Puro amor. Dói-me pensar que São Paulo possa enfear. Quero vê-la sempre bela, como a tive na juventude, no convívio com gente voltada para o cultivo da cidade.
Que bom festejar os 450 anos de São Paulo. Melhor ainda é estar cercado por uma família que se ampliou com tantos jovens, queridos e amantes de São Paulo, e por uma roda de amigos que se decantou para chegar ao âmago das pessoas de sinceridade profunda e de amor fraternal.
Que bom estar no meio de paulistas frenéticos, cujo isolamento e desprezo governamental nos idos tempos da colônia os fizeram buscar, por si mesmos, as soluções para os seus problemas e, mais tarde, para os problemas do Brasil. São Paulo trabalha e dá trabalho para irmãos de todas as partes que aqui se irmanaram para construir um Estado que responde por 42% da produção industrial do país; por 41% das comunicações; por 26% da agropecuária -enfim, é a famosa locomotiva.
Que bom que a história fez São Paulo virar sinônimo de trabalho. Nós -paulistanos, paulistas e brasileiros- nos orgulhamos da força criadora desta cidade e deste Estado, de suas universidades, de seus institutos de pesquisa, de seus professores, de seus médicos, engenheiros, advogados, técnicos e trabalhadores em geral e, sobretudo, de seus artistas e poetas.
Que bom ter amigos em todas as áreas. Eu os tenho. Sou um felizardo. Deles recebo o estímulo para trabalhar com gosto e para lutar pelo bem de nossa gente.
Que bom ter cultivado desde a infância um amigo que se tornou o poeta símbolo de São Paulo: Paulo Bomfim, ícone da cidade no seu quarto centenário e trovador incansável das glórias de São Paulo. Um paulistano que, da poesia, adentrou o ofício da filosofia e dos que ajudam a preservar a ética e a moral da nossa juventude.
Que bom guardar de Paulo Bomfim suas lições de amor e de orientação. Que bom poder passar aos meus leitores um pouco da sua alma pura:
"Ai daqueles que brincam com a esperança de um povo!
Ai daqueles que fazem da mentira a verdade de suas vidas! Ai daqueles que fabricam com a violência a trama do medo! Ai daqueles que roubam ao próximo a alegria de existir! Ai daqueles que se fazem de fracos no instante da tempestade!"
"Emérita cidade de São Paulo,
Mãe branca, mãe indígena, mãe preta,
Velai por nós!"
Parabéns, São Paulo!


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.


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