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CLÓVIS ROSSI
O duplo fracasso
DAVOS - A Índia é o "país-estrela" do encontro anual 2006 do Fórum Econômico Mundial, que começa hoje.
Não, não superou a China, mas está
fazendo uma exibição de músculos
pouco usual, ao menos na comparação com anos anteriores.
Se os encontros do Fórum moldam
a agenda global, como pretendem
seus dirigentes e como acredita boa
parte da esquerda global, então a Índia será a estrela de 2006.
O curioso é que a Índia tem uma
trajetória inversa a do Brasil: entre
1950 e 1980, período em que o Brasil
conheceu vigoroso crescimento, a Índia crescia apenas 3,5% ao ano em
média. Seu primeiro-ministro, Manmohan Singh, lembra que esse dado
já representava uma melhoria em relação aos 50 anos anteriores, mas "ficava bem abaixo das expectativas e
metas".
Nos 20 anos seguintes (1980-2000),
o crescimento já foi significativo
(5,8% ao ano, nível que o Brasil parece conformado em não alcançar).
Saltou para 7% na média anual nos
três anos recentes e subiu para 8% no
fim do ano passado. É, pois, o espetáculo do crescimento, o verdadeiro.
Mas nem é o principal dado que
vem da Índia. Pesquisa feita pela
consultoria PricewaterhouseCoopers
com 1.400 homens de negócio do
mundo todo mostra que a grande
atração da Índia está dada por dispor de um "pool" de talentos altamente qualificados.
Há pelo menos um especialista que
vê no investimento em educação, óbvio responsável pelos talentos que os
empresários estrangeiros admiram,
um fator que, a médio prazo, poderá
fazer com a Índia passe a China como estrela da economia mundial.
"Para o desenvolvimento econômico sustentável, a qualidade e a quantidade de capital humano importará
muito mais que a do capital físico",
escreve Yasheng Huang (do mitológico MIT) para o "Financial Times".
O notável, no Brasil, em comparação, é que não consegue investir nem
no capital físico nem no humano.
@ - crossi@uol.com.br
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