São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INVESTIMENTO EM QUEDA

O Brasil perdeu em 2005 a posição conquistada um ano antes de líder na atração de investimentos estrangeiros diretos na América Latina. O lugar foi ocupado pelo México, que recebeu US$ 17,2 bilhões, US$ 1,7 bilhão a mais que o Brasil.
A destinação de recursos externos ao setor produtivo tem um papel relevante no desenvolvimento do país, na medida em que supre a restrita capacidade de investimento local, estimula a adoção de novas tecnologias e força o aperfeiçoamento de eventuais concorrentes domésticos.
Os números de 2005 sugerem, mais uma vez, que estabilidade econômica não é fator suficiente para atrair esse capital. O mundo vive uma explosão de liquidez, e o volume total de investimento externo no ano passado teve um salto de 29%, alcançando US$ 869,7 bilhões -em 2004 houve alta mais modesta, de 9%.
Apesar de apresentar bons indicadores macroeconômicos, o Brasil não só foi ultrapassado pelo México como teve um resultado inferior à sua própria performance em 2004.
Entre os dois anos, o volume de investimento direto no país caiu 15%, de US$ 18,2 bilhões para US$ 15,5 bilhões. O México também registrou curva descendente, mas bem menos acentuada que a brasileira (-4%).
O resultado do Brasil se mantém ruim quando comparado ao da América Latina, que teve alta de 5%, tendo recebido US$ 72 bilhões. Até a Argentina, que declarou moratória em 2001, cresceu mais (4%) que o Brasil. O vizinho do sul recebeu US$ 4,2 bilhões em 2005.
A China continuou a ser o grande aspirador de recursos entre os países em desenvolvimento, com atração de US$ 60,3 bilhões -recuo de 0,5%.
O que os números de 2005 mostram é que não basta o Brasil abraçar a ortodoxia para vencer a disputa global pelos investimentos. Tanto quanto estabilidade, o que as empresas buscam é lucro, algo que apenas crescimento econômico pode dar.


Texto Anterior: Editoriais: UM POUCO MELHOR
Próximo Texto: Davos - Clóvis Rossi: O duplo fracasso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.