São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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ELIANE CANTANHÊDE

Sarney na mão, PT voando

BRASÍLIA - Pelas nuvens, vai chover na horta do PMDB, que pode levar tanto a presidência do Senado, com José Sarney, quanto a da Câmara, com Michel Temer. Ótimo para o partido, que já tem a maioria de votos, de governos e de prefeituras e vai ser ainda mais disputado por Dilma-PT e por Serra-PSDB. E péssimo para o PT, que vai ter que rebolar para manter a "fidelidade" de notórios infiéis em 2010.
O cerco ao petista Tião Viana (AC) tem várias explicações. Uma delas: dos 20 senadores peemedebistas, só três têm mandato até 2015, os dissidentes Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS), além do próprio Sarney. Para os demais 17, que têm campanha em 2010, é melhor ter um Sarney na mão do que um PT voando no Senado.
Assim de cabeça, o PMDB e o PT, aliados em torno de Lula, são adversários no Rio Grande do Sul, Paraná, em Santa Catarina, São Paulo, Minas, Pernambuco e vai por aí afora. Na Bahia, é briga feia. E, no Pará, a exceção Jader-Ana Júlia confirma a regra.
Ou seja: se quer mesmo ser candidata, Dilma deveria mergulhar nesses mares nunca dantes navegados das eleições no Congresso, para entender o que se passa, os interesses envolvidos, os personagens. E tentar acomodar os espaços entre PMDB e PT e assim se antecipar a situações inconciliáveis. O PMDB dará enorme trabalho para Dilma e para Serra. Discurso para ficar com um ou com outro, o partido já tem. É aliado de Lula e pode muito bem ficar com Dilma.
Foi aliado até o fim de FHC e pode muito bem voltar para Serra. De onde, aliás, muitos nem saíram. O que pode desequilibrar o jogo: as conveniências regionais e os efeitos da crise sobre empresas, empregos e o ânimo do eleitor em encampar o (a) candidato (a) de Lula, faça chuva ou faça sol. Como são muitos os "se", é mais prudente Dilma dar muita importância ao PMDB e às eleições de fevereiro no Congresso. Aliás, como Serra.

elianec@uol.com.br


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