São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

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MICROS SEM USO

As esperanças depositadas na ciência e na tecnologia são freqüentemente frustradas. Para cada inovação tida por genial, parecem surgir efeitos inesperados que às vezes anulam os benefícios. A informática não tem sido exceção.
No meio empresarial, causa grande celeuma a hipótese de que as novas tecnologias de informação e comunicação (ou "TICs") seriam inúteis como instrumento de competitividade. Discute-se o "paradoxo de Solow": investimentos nos EUA em automação e informatização não teriam produzido os ganhos esperados de produtividade.
Os céticos ganharam novos argumentos com a publicação pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) de um estudo que identifica "desapontamento" com o uso das TICs nas escolas do ensino médio, apesar de fortes investimentos realizados ao longo dos últimos 20 anos nos países mais avançados.
A partir de dados coletados em 14 países, foram identificadas algumas das barreiras que tornam ineficaz a informatização escolar. Menos de 20% dos alunos freqüentam escolas com equipamento suficiente para a adoção de novos métodos.
Há, neste cenário, apenas três exceções: Dinamarca, Suécia e Coréia do Sul, países onde mais de 60% dos professores efetivamente utilizam as novas tecnologias para introduzir novas práticas pedagógicas. Há também uma significativa carência de professores preparados para ensinar outros professores e alunos a usar a informática, segundo a OCDE.
Se o problema é sério nos países ricos, a frustração talvez seja ainda maior nos países em desenvolvimento, onde ainda não há pesquisas significativas sobre o impacto das novas tecnologias nas salas de aula ou sobre a educação à distância.
Frente à expansão do uso da informática em todas as áreas da economia, o descompasso no mundo escolar poderá criar ainda mais frustração e desemprego no futuro.


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