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EMPREGO DA RETÓRICA
As eleições presidenciais norte-americanas trazem para primeiro plano, como aliás ocorre em
todas as eleições do mundo, a defesa
populista de empregos.
Os democratas são geralmente
mais protecionistas, mas o republicano George W. Bush proibiu, nos
contratos governamentais, a prática
de subcontratação que beneficie trabalhadores estrangeiros.
A prática tem crescido no setor privado, principalmente nas atividades
em que é possível a terceirização, como produção de software, telemarketing ou análises clínicas.
Consumidores que, nos EUA, telefonam para fazer reservas aéreas numa companhia norte-americana
muito provavelmente são atendidos
por um trabalhador na Índia, por
exemplo.
A novidade é tecnológica e vem somar-se à perda de empregos por razões mais prosaicas e tradicionais,
como a importação em massa de
bens cuja produção é intensiva em
mão-de-obra. Produzir têxteis ou
brinquedos na China ou em alguma
ilha caribenha onde os salários são
baixíssimos é uma opção inevitável,
não só para as empresas que competem no mercado global mas também
para as que vendem seus produtos
no mercado norte-americano.
Entre os economistas, não há consenso sobre os fatores mais relevantes na destruição de empregos.
Se é verdade que novas tecnologias
ou a exploração do trabalho em países periféricos "roubam" empregos
dos EUA, é também inegável que o
estouro da bolha especulativa, os ataques terroristas e os escândalos de
corrupção em algumas das maiores
empresas globais causaram demissões em massa. A revista "Economist", que trouxe o assunto para sua
capa na semana passada, sublinha
que, nos últimos 20 anos, o número
de pessoas empregadas nos EUA
cresceu 37,4%, bem acima do crescimento populacional de 23,9%.
A retórica populista em período
eleitoral é inevitável, mas funciona
apenas na medida em que a criação
de empregos fica fora de cena.
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