São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

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Editoriais

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Rio-2016

FORAM DIVULGADOS os números ambiciosos para a candidatura brasileira a país-sede dos Jogos Olímpicos de 2016 -o evento seria realizado no Rio de Janeiro. Em dossiê de 538 páginas, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, anunciou investimentos de R$ 28,8 bilhões.
Há aspectos que favorecem a candidatura brasileira. O país já está organizando a Copa de 2014. Também sediou de maneira bem-sucedida o Pan-2007. Para compreender as reais chances, no entanto -o Comitê Olímpico Internacional dará seu veredicto em outubro-, é necessário comparar a candidatura carioca com suas principais concorrentes. Aí começam os problemas.
Em dólares, o custo do projeto brasileiro chega a 14,42 bilhões, o mais alto entre as quatro candidatas. É mais do que o dobro do que os seus concorrentes precisam investir. Chicago, Madri e Tóquio projetam orçamentos de, respectivamente, US$ 4,82 bilhões, US$ 6,13 bilhões e US$ 6,42 bilhões.
Tal disparidade é justificada pela necessidade de pesados investimentos para a cidade. A previsão é que 80% do montante -R$ 23,2 bilhões- seja gasto apenas com infraestrutura e serviços públicos.
A previsão bilionária de investimentos suscita muitas dúvidas. O orçamento é quase oito vezes maior do que o valor gasto com o Pan-2007. Nesse evento, houve notório desencontro entre o planejado e o executado. Orçado em R$ 409 milhões, o Pan custou R$ 3,7 bilhões -mais de nove vezes além do previsto.
Os gastos do comitê organizador -excluindo a infraestrutura- são estimados em R$ 5,6 bilhões. Desse montante, 31% deve vir do COI e de seus patrocinadores, 45% da iniciativa privada e 24% das três esferas de governo. Há dúvidas sobre a gestão desses recursos, dada a falta de transparência nos gastos do Pan-2007.


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