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Rio-2016
FORAM DIVULGADOS os números ambiciosos para a candidatura brasileira a país-sede
dos Jogos Olímpicos de 2016 -o
evento seria realizado no Rio de
Janeiro. Em dossiê de 538 páginas, o presidente do Comitê
Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, anunciou investimentos de R$ 28,8 bilhões.
Há aspectos que favorecem a
candidatura brasileira. O país já
está organizando a Copa de 2014.
Também sediou de maneira
bem-sucedida o Pan-2007. Para
compreender as reais chances,
no entanto -o Comitê Olímpico
Internacional dará seu veredicto
em outubro-, é necessário comparar a candidatura carioca com
suas principais concorrentes. Aí
começam os problemas.
Em dólares, o custo do projeto
brasileiro chega a 14,42 bilhões, o
mais alto entre as quatro candidatas. É mais do que o dobro do
que os seus concorrentes precisam investir. Chicago, Madri e
Tóquio projetam orçamentos de,
respectivamente, US$ 4,82 bilhões, US$ 6,13 bilhões e US$
6,42 bilhões.
Tal disparidade é justificada
pela necessidade de pesados investimentos para a cidade. A previsão é que 80% do montante
-R$ 23,2 bilhões- seja gasto
apenas com infraestrutura e serviços públicos.
A previsão bilionária de investimentos suscita muitas dúvidas.
O orçamento é quase oito vezes
maior do que o valor gasto com o
Pan-2007. Nesse evento, houve
notório desencontro entre o planejado e o executado. Orçado em
R$ 409 milhões, o Pan custou R$
3,7 bilhões -mais de nove vezes
além do previsto.
Os gastos do comitê organizador -excluindo a infraestrutura- são estimados em R$ 5,6 bilhões. Desse montante, 31% deve
vir do COI e de seus patrocinadores, 45% da iniciativa privada e
24% das três esferas de governo.
Há dúvidas sobre a gestão desses
recursos, dada a falta de transparência nos gastos do Pan-2007.
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