São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004

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DESEMPREGO RENITENTE

A pequena melhora do mercado de trabalho brasileiro é um fenômeno incipiente. É o que sugere o contraste entre os indicadores positivos divulgados na semana passada -que mostraram um aumento do emprego formal no país como um todo e também na indústria paulista- e o levantamento divulgado ontem pelo convênio Seade/Dieese.
Essa última pesquisa apurou, para a região metropolitana de São Paulo, um quadro ainda bastante negativo em fevereiro. A taxa de desemprego aberto aumentou, chegando ao nível, elevado, de 12,6%. E a razão fundamental foi o fechamento de 1,4% dos postos de trabalho.
É certo que no mercado da Grande São Paulo esses movimentos são típicos do período: desde que a pesquisa é realizada, em 1985, todos os fevereiros registraram alta do desemprego e fechamento de vagas em relação a janeiro. Todavia, a intensidade das variações do mês passado surpreendeu negativamente.
É possível que aspectos de metodologia ajudem a explicar os contrastes entre as diversas pesquisas. Vale indagar, porém, quais elementos da realidade econômica podem estar contribuindo para a discrepância entre esses levantamentos.
O vetor de demanda que vem apresentando maior dinamismo é claramente o das exportações, sobretudo daquelas ligadas ao agronegócio. Isso pode estar contribuindo para um desempenho mais fraco da região metropolitana de São Paulo, comparativamente às regiões em que as vendas para o exterior têm maior peso na economia e no emprego.
Também o contraste entre os sinais de recuperação do emprego formal e a persistência de um quadro de baixo crescimento das ocupações informais pode dever-se ao fato de que os vínculos do setor informal da economia com o mercado externo são mais tênues que os do setor formal.
O que os variados indicadores parecem mostrar é que uma recuperação mais robusta e generalizada do mercado de trabalho ainda está à espera de uma retomada mais vigorosa da demanda interna.


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