|
Próximo Texto | Índice
DESEMPREGO RENITENTE
A pequena melhora do mercado de trabalho brasileiro é um
fenômeno incipiente. É o que sugere
o contraste entre os indicadores positivos divulgados na semana passada -que mostraram um aumento
do emprego formal no país como
um todo e também na indústria paulista- e o levantamento divulgado
ontem pelo convênio Seade/Dieese.
Essa última pesquisa apurou, para
a região metropolitana de São Paulo,
um quadro ainda bastante negativo
em fevereiro. A taxa de desemprego
aberto aumentou, chegando ao nível, elevado, de 12,6%. E a razão fundamental foi o fechamento de 1,4%
dos postos de trabalho.
É certo que no mercado da Grande
São Paulo esses movimentos são típicos do período: desde que a pesquisa é realizada, em 1985, todos os
fevereiros registraram alta do desemprego e fechamento de vagas em relação a janeiro. Todavia, a intensidade das variações do mês passado surpreendeu negativamente.
É possível que aspectos de metodologia ajudem a explicar os contrastes
entre as diversas pesquisas. Vale indagar, porém, quais elementos da
realidade econômica podem estar
contribuindo para a discrepância entre esses levantamentos.
O vetor de demanda que vem apresentando maior dinamismo é claramente o das exportações, sobretudo
daquelas ligadas ao agronegócio. Isso pode estar contribuindo para um
desempenho mais fraco da região
metropolitana de São Paulo, comparativamente às regiões em que as
vendas para o exterior têm maior peso na economia e no emprego.
Também o contraste entre os sinais
de recuperação do emprego formal e
a persistência de um quadro de baixo
crescimento das ocupações informais pode dever-se ao fato de que os
vínculos do setor informal da economia com o mercado externo são
mais tênues que os do setor formal.
O que os variados indicadores parecem mostrar é que uma recuperação mais robusta e generalizada do
mercado de trabalho ainda está à espera de uma retomada mais vigorosa
da demanda interna.
Próximo Texto: Editoriais: MINISTRO EM CRISE Índice
|