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MINISTRO EM CRISE
Vai se mostrando pródiga a
capacidade do ministro José
Dirceu de colocar-se no epicentro de
crises políticas. Antes de eclodir o caso Waldomiro Diniz, os atritos podiam ser atribuídos à centralização
pelo titular da Casa Civil de tarefas de
vulto, como a coordenação política
do governo e a articulação de sua inquieta base parlamentar.
Assoberbado com a inépcia de
grande parte dos ministérios, com o
"fogo amigo" e com as sempre complexas negociações do balcão político, o ministro tinha a seu favor um
respeitável capital político, além da
dedicação e das qualificações pessoais para o exercício da função.
O militante esquerdista de outras
décadas chegou ao poder com a fama de ter sido um dos responsáveis
pela estratégia petista de conquistar
votos deslocando-se para o centro do
espectro político. Homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que o chamou de "capitão
do time", Dirceu assumiu, já no início do governo, o papel de braço direito do primeiro mandatário.
Todavia, desde que vieram à luz as
revelações sobre as condutas irregulares de seu assessor Waldomiro Diniz, o ministro sofre acelerado desgaste. Muitos consideram que melhor teria sido seu afastamento da
função até que as investigações chegassem a uma fase conclusiva. O
presidente Lula, no entanto, opôs-se
firmemente a essa hipótese.
Anteontem, foi o próprio presidente quem repreendeu o ministro, levando-o a divulgar um pedido de
desculpas por ter disparado sua metralhadora giratória e atingido governadores, representantes da oposição
e o Ministério Público. Os ataques
provocaram fortes reações, como as
do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que viu "falta de controle" por
detrás das declarações, tendo recomendado a seu oponente "autocrítica, humildade e férias".
Tudo indica que o ministro José
Dirceu terá que fazer um esforço hercúleo para recobrar as condições necessárias a um bom desempenho na
coordenação política do governo. E
nada garante que conseguirá.
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