São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Embargo de obra
"Para restabelecer a verdade sobre a reportagem publicada neste jornal ontem (Cotidiano), que aborda o caso da indenização devida pelo município à Cesp, por força de decisão transitada em julgado em ação de desapropriação e tem como chamada na Primeira Página "Prefeitura de SP libera obra da Cesp para reduzir dívida", tenho a dizer o que segue. O próprio título, como se apresenta, já demonstra a verdadeira intenção da reportagem, já que o acordo feito entre as partes para o pagamento da totalidade da dívida só foi parcelado, e não de menor valor, como afirma a reportagem. Como, à época, eu não estava no exercício do cargo de prefeito, nunca poderia ter determinado nada, a quem quer que fosse, o que espanca de uma vez por todas qualquer insinuação feita pela repórter. É certo que, quando fui procurado para tentar encontrar uma solução para essa questão, qual seja, o desaparecimento da Emurb em razão da dívida para com a Cesp, a referida obra já se encontrava embargada por decisão administrativa. Além disso, já havia uma decisão judicial definitiva, da qual não cabia mais nenhum recurso, o que acarretou na penhora de todos os bens da citada Emurb. Assim, recomendei ao na época presidente da Emurb que fosse dada atenção emergencial ao pedido da Cesp de levantamento do embargo de sua obra. Recomendei, ainda, que fosse feito um levantamento dos imóveis municipais que estivessem sendo usados pelo governo do Estado (Cesp), para que pudéssemos fazer um encontro de contas desses imóveis com o crédito que a Cesp detinha. O que é inadmissível e inaceitável é a ignorância de pessoas que não imaginam que os órgãos dos poderes públicos se comunicam e agem, única e exclusivamente, por meio de atos extremamente formais, o que desqualifica a intenção lamentável de imputar a alguém a possibilidade de recebimento de alguma vantagem indevida. Assim, lamento a reportagem confusa e imprecisa que não honra a tradição deste jornal."
Hélio Bicudo, vice-prefeito de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Sílvia Corrêa:
Em entrevista gravada, o vice-prefeito confirmou ter pedido que o embargo fosse levantado para facilitar a negociação da dívida que a Emurb tem com a Cesp. Também está gravada sua declaração de que recomendou a medida a Clara Ant, então administradora regional da Sé. Sobre o título do texto da Primeira Página, leia a seção "Erramos", abaixo.

Israel e o Hamas
"O sr. Daniel Gazit tentou, mas não conseguiu justificar o injustificável ("Tendências/Debates", 24/3). O assassinato do já alquebrado chefe religioso islâmico aumentou exponencialmente o índice de turbulência e insegurança em todo o mundo. O "saco de maldades" do terrorismo internacional será em muito incrementado com isso. Osama bin Laden deve estar agradecendo a Ariel Sharon pelos novos voluntários. Atentados contra civis são inaceitáveis, mas quais são suas causas distantes? No caso da Palestina, há que se lembrar que um novo país "caiu" sobre a cabeça dos habitantes nativos, os quais não foram minimamente consultados sobre essa criação. O terrorismo certamente ganha ímpeto e obtém apoiadores graças a injustiças como essas. Se não se faz justiça à "maioria razoável", inevitavelmente a "minoria extremista" reagirá com violência."
José Carlos Rodrigues (São Paulo, SP)

 

"É extremamente perigoso tachar de terrorismo a atitude de auto-defesa de Israel diante da eliminação do xeque Ahmed Yassin. O que Israel fez foi tentar eliminar a liderança responsável por atitudes que impõem o medo a populações civis com atos não-militares que visem algum ganho político ou pelo menos o amedrontamento do inimigo, que tem transformado em caos a vida do israelense comum. O terrorismo nada tem a ver com ocupação. Se os palestinos tivessem usado a não-violência de Martin Luther King ou de Gandhi, hoje já teriam seu Estado. Quem não acabou com a "ocupação" foi Iasser Arafat ao dizer não a uma proposta extremamente generosa do ex-primeiro-ministro israelense Barak em Camp David e o Hamas do xeque Yassin ao bombardear e torpedear o cessar-fogo que visava a implementação do Road Map."
Daniel Benjamin Barenbein (São Paulo, SP)

Ação e reação
"As bravatas, ameaças e ofensas dirigidas pelo ministro José Dirceu à imprensa, ao Ministério Público, à oposição e a qualquer outra entidade que lhe cause incômodo revelam seu perfil totalitário, quase stalinista, incompatível com um cargo tão importante em um Estado democrático. Ao reagir com tanto destempero ao mero funcionamento normal das instituições nacionais, José Dirceu nos dá motivo para supor que tem a esconder muito mais do que foi revelado até agora no escândalo protagonizado por seu ex-assessor Waldomiro Diniz."
Marcelo Dawalibi (São Paulo, SP)

Mudança nos eixos
"Uma mudança radical em nossa economia significaria um caos ainda maior. Mais desemprego. Inflação altíssima. Déficit público cada vez maior. É preciso dar crédito e aproveitar o que foi realizado de bom nas administrações anteriores. Vivemos num regime capitalista e amplamente globalizado. Não há espaço para medidas arrojadas, como troca de regime e ministros. Há espaço para quê? Para políticas que visem um desenvolvimento econômico, geração de postos de trabalho e consolidação de projetos sociais. Até porque a maioria desses planos só ficou no papel. Cabe ao atual governo mudar esse quadro."
Rodrigo Capella (São Paulo, SP)

Dinheiro do FAT
"Não acredito no que li na Folha de ontem (Dinheiro): Alencar Rossi, da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), dizendo que os bancos privados desejam intermediar os recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para reduzir os juros hoje cobrados aos que tomam dinheiro daquele fundo. Argumenta que, se os bancos privados pudessem repassar os R$ 9 bilhões do FAT, a competição entre eles baixaria os juros. Certamente uma posição altruísta dos banqueiros. Hoje, os tomadores pagam juros de 12% ao ano pelos recursos do FAT. No mesmo caderno Dinheiro, lê-se que o custo do dinheiro para a pessoa física vai de 36% a 143% ao ano. E que para a pessoa jurídica vai de 28% a 47% ao ano. Por favor, não abusem da boa vontade do povo."
José Pascoal Vaz (Santos, SP)

Modernidade a serviço
"Até quando continuaremos deslocando carros, homens e recursos para o transporte de prisioneiros, quando temos à mão uma ferramenta barata e moderna para resolver de vez esse problema? A videoconferência, proposta pelo governador Geraldo Alckmin, parece a melhor solução para evitar deslocamentos de presos e possíveis fugas. O Poder Judiciário deveria ser o maior interessado em usar ferramentas que, de alguma forma, agilizassem e tornassem mais fácil e rápido o trabalho dos juízes."
Anselmo Ribeiro (Santo André, SP)

Crédito
"Para a elaboração da medida de conversão à MP 148/03, que apresentei na Câmara dos Deputados, contei com a inestimável colaboração da Pro Teste que, ao lado do Procon e do Idec, desenvolve trabalho dos mais importantes na defesa do consumidor. Por omissão imperdoável, não mencionei essa entidade no meu artigo "Alforria moderna" ("Tendências/Debates", 23/3)."
José Aristodemo Pinotti, deputado federal/PFL-SP (Brasília, DF)

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