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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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QUE DÓLARES QUEREMOS?

Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), pela primeira vez desde 1994 o Brasil encerrou o primeiro trimestre do ano com saldo positivo nas transações de bens e serviços com o exterior. Isso significa que, ao contrário do que se observou entre 1995 e 2002, não foi preciso atrair grande volume de dólares para cobrir o déficit nessa conta do balanço de pagamentos.
Essa inflexão rápida das contas externas foi uma resposta ao súbito fechamento do crédito externo verificado a partir de meados do ano passado. A disparada da cotação do dólar, ao estimular exportações e encarecer importações, foi o principal motor da melhora do saldo nas transações externas de bens e serviços.
A capacidade demostrada pela economia brasileira de obter dólares por meio do comércio tem sido decisiva para a diluição dos receios dos investidores em relação à capacidade do país de honrar compromissos externos. Cresce a disposição de conceder empréstimos ao país.
A retomada do crédito vai deixando para trás a situação de emergência que marcou o período de transição de governo. A cotação do dólar cai, aplacando o temor de um agravamento mais duradouro da inflação.
A política econômica começa a se ver diante de opções que há pouco inexistiam. As autoridades poderão, doravante, buscar "dosar" - por meio do manejo da taxa de juros, entre outros instrumentos- a maneira pela qual a economia obterá os dólares de que necessita. Até que ponto os dólares advirão da expansão da dívida e dos investimentos externos? Até que ponto provirão do superávit no comércio exterior?
As reservas de divisas do Banco Central continuam muito baixas. Ao lado disso, as perspectivas econômicas globais continuam incertas, o que mantém incerta, também, a sustentação ao longo do tempo dos fluxos de capital ao Brasil. Recomenda a prudência, portanto, que não se permita um desgaste rápido da capacidade da economia brasileira de obter dólares "por conta própria", por meio do superávit comercial.


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