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QUE DÓLARES QUEREMOS?
Segundo dados divulgados
ontem pelo Banco Central (BC),
pela primeira vez desde 1994 o Brasil
encerrou o primeiro trimestre do ano
com saldo positivo nas transações de
bens e serviços com o exterior. Isso
significa que, ao contrário do que se
observou entre 1995 e 2002, não foi
preciso atrair grande volume de dólares para cobrir o déficit nessa conta
do balanço de pagamentos.
Essa inflexão rápida das contas externas foi uma resposta ao súbito fechamento do crédito externo verificado a partir de meados do ano passado. A disparada da cotação do dólar, ao estimular exportações e encarecer importações, foi o principal
motor da melhora do saldo nas transações externas de bens e serviços.
A capacidade demostrada pela economia brasileira de obter dólares por
meio do comércio tem sido decisiva
para a diluição dos receios dos investidores em relação à capacidade do
país de honrar compromissos externos. Cresce a disposição de conceder
empréstimos ao país.
A retomada do crédito vai deixando
para trás a situação de emergência
que marcou o período de transição
de governo. A cotação do dólar cai,
aplacando o temor de um agravamento mais duradouro da inflação.
A política econômica começa a se
ver diante de opções que há pouco
inexistiam. As autoridades poderão,
doravante, buscar "dosar" - por
meio do manejo da taxa de juros, entre outros instrumentos- a maneira
pela qual a economia obterá os dólares de que necessita. Até que ponto
os dólares advirão da expansão da dívida e dos investimentos externos?
Até que ponto provirão do superávit
no comércio exterior?
As reservas de divisas do Banco
Central continuam muito baixas. Ao
lado disso, as perspectivas econômicas globais continuam incertas, o
que mantém incerta, também, a sustentação ao longo do tempo dos fluxos de capital ao Brasil. Recomenda
a prudência, portanto, que não se
permita um desgaste rápido da capacidade da economia brasileira de obter dólares "por conta própria", por
meio do superávit comercial.
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