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A CARTADA DE GAROTINHO
Não é todo dia que um ex-governador e candidato derrotado à Presidência assume a secretaria
da Segurança Pública do Estado que
já governou. Acrescentem-se a importância do Rio de Janeiro, a situação de insegurança generalizada por
que passam os fluminenses e o fato
de que a atual governadora é mulher
do novo secretário e, então, estarão
esboçados os riscos da nova cartada
de Anthony Garotinho.
Principal cabo eleitoral de Rosinha
Matheus, Garotinho, obviamente,
pretende manter-se à tona no cenário nacional para tentar pleitear em
2006, com mais chances, o cargo hoje ocupado por Luiz Inácio Lula da
Silva. As circunstâncias levaram Garotinho a aceitar um posto que muito
provavelmente cumprirá o papel de
manter o ex-governador sob os holofotes da mídia. Mas a questão é saber
a que custo essa exposição se dará.
O Estado do Rio não passa por dificuldades apenas na área da segurança pública. É também ruim a situação de suas finanças -que foram
comandadas, durante pouco mais de
três dos últimos quatro anos, pelo
próprio Garotinho. Isso significa
que o governo federal, como grande
credor do Rio e detentor de recursos
para ajudar no combate ao crime organizado naquele Estado, é um ator
importante para determinar o sucesso ou o fracasso do governo Rosinha
e, agora mais do que antes, o futuro
político de Garotinho.
Além disso, a pasta ministerial
(Ciência e Tecnologia) que Lula cedeu ao PSB é ocupada por um político do grupo do ex-governador fluminense. Esse ministro, aliás, tem descontentado grande parcela da comunidade científica e empresarial do
país. Se, em algum momento, o núcleo petista do governo entender que
Garotinho se tornou um estorvo para
as pretensões de Lula, não faltará
pretexto para substituir o ministro.
Portanto, riscos e restrições não
faltam na nova estratégia adotada pelo ex-governador e, a partir da semana que vem, secretário de Segurança
do Rio, Anthony Garotinho.
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