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ELIANE CANTANHÊDE
Tiro ao alvo
BRASÍLIA - Rosinha nomeou Garotinho secretário de Segurança Pública
do Rio de Janeiro, produzindo uma
história que vai do cômico ao trágico.
Cômico porque tudo no Rio, faz
tempo, beira o nonsense. Agora, Garotinho passa de governador a secretário, ficando subordinado às ordens
da própria mulher. Ou, ao contrário,
a governadora é quem vai ficar subordinada ao secretário.
E trágico porque certamente não é
a troca de um Josias Quintal por um
Anthony Garotinho, ou por um João,
um Pedro ou um Antônio que vai resolver aquela guerra civil do dia-a-dia do Rio. Só aumenta a perplexidade e o desânimo.
Na origem de tudo isso está a queda-de-braço entre o governo Lula e
Rosinha-Garotinho. Os petistas de
Brasília tentam, ou ameaçam, isolar
o casal tanto no PSB quanto no conjunto de governadores. E os peessebistas do Rio resolveram armar trincheiras e reagir. Com uma curiosidade: Lula se prontificou a ficar com o
abacaxi da segurança no Rio, mas os
Garotinhos rejeitaram. O abacaxi é
deles e não abrem.
Pobre povo do Rio de Janeiro!
Agora, com Garotinho no novo cargo, Planalto e Laranjeiras começam
a se entender. O Rio adere ao programa de segurança fechado com o Espírito Santo e articulado com Minas e
Alagoas, por exemplo. E Brasília engaveta a drástica opção da intervenção federal. Por ora, pelo menos.
O fato é que Garotinho se colocou
na mira, tanto política quanto policial, e está sujeito a dois extremos. Se
os crimes, incêndios e barbaridades
do Rio continuarem iguaizinhos, a
derrota -administrativa e política- é dele. Se diminuírem sensivelmente, sempre haverá maldosos no
governo federal, no Congresso e na
imprensa para desconfiar: teria havido algum acerto entre o ex-governador e o Comando Vermelho?
Além do aspecto tragicômico, a nomeação de Garotinho configura uma
manobra de altíssimo risco. Mas, como a gente vive dizendo, o Rio não
comporta nenhuma solução ordinária, só extraordinária. E bota extraordinária nisso!
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