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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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TENDÊNCIAS/DEBATES

A Caixa e o novo governo

JORGE MATTOSO

A Caixa Econômica Federal é uma instituição financeira incomum.
Como banco, a Caixa tem que assegurar maior rentabilidade, atender às normas do Banco Central e aos critérios do Acordo da Basiléia, como os de solvabilidade e de proteção ao risco. Como banco público, a Caixa, por seus objetivos, estrutura e atividades, tem uma missão social. Atender essa missão social, desenvolvendo plenamente as características negociais de um banco comercial, é o nosso grande desafio.
Tem sido indispensável no enfrentamento desse desafio a credibilidade de uma instituição centenária, a participação do corpo funcional -constituído por gente competente, dedicada e de arraigado espírito público- e a crescente saúde financeira da empresa.
Entretanto, para que a Caixa possa desempenhar plenamente suas funções de banco público, terá de se superar nas áreas tecnológica, operacional, de recursos humanos e de mercado. Finalmente teremos um Plano Diretor de Informática e já começamos a investir pesadamente na modernização de sua estrutura tecnológica. Os contratos com fornecedores vêm sendo renegociados, com economias de mais de R$ 70 milhões para a Caixa.
Novo modelo de gestão da rede e novas metas estratégicas deverão impulsionar a produtividade e o alcance de melhores resultados econômico-financeiros.
As crescentes demandas sociais e novas exigências da concorrência pedem a abertura de novas agências e a ampliação dos correspondentes bancários, para o desenvolvimento dessa extraordinária capilaridade que permite que a Caixa alcance todos os municípios brasileiros. Desde o início dessa gestão, foi restabelecido o diálogo com seus funcionários, com espírito de parceria, colaboração e confiança mútua. Novos produtos foram lançados e outros estão "no forno", visando assegurar a ampliação de sua participação no mercado. Esses ajustes devem prover os meios necessários para que a Caixa possa cumprir com eficiência suas missões.
Apesar dos constrangimentos macroeconômicos e da escassez de recursos, ainda vigentes, o presidente Lula e o Ministério da Fazenda determinaram que a Caixa se somasse às demais instituições financeiras, visando a ampliação do crédito à sociedade e a criação de instrumentos de geração de empregos, renda e desenvolvimento econômico. Iniciativas na constituição de políticas de governo em áreas como microcrédito e de apoio às micro e pequenas empresas têm sido tomadas.


Desde o início do Fome Zero, a Caixa tem colaborado ativamente na arrecadação de doações em dinheiro


Há poucos dias, o Ministério das Cidades e a Caixa anunciaram as primeiras medidas na área habitacional destinadas à valorização da população de mais baixa renda, faixa em que concentra-se 84% do déficit habitacional. Do total de moradias a serem financiadas este ano, 67% serão para famílias com até cinco salários mínimos de renda.
Na questão do saneamento básico, a Caixa tem colaborado com o Ministério das Cidades. Por um lado, está elaborando um novo modelo de relacionamento com municípios e Estados, visando facilitar a sua ação como tomadores de empréstimos e executores dos projetos, sem que se comprometam garantias e o retorno dos investimentos. Por outro lado, temos atuado também para buscar a flexibilização de algumas das normas que têm dificultado àqueles entes federativos tomar empréstimos.
Com outros ministérios, como o da Educação, Trabalho, Saúde, Esportes, Assistência Social, Transporte e Cultura, a Caixa tem ampliado suas ações como operadora de programas e/ou repassadora de recursos. Desde o início do Fome Zero, a Caixa tem colaborado ativamente na arrecadação de doações em dinheiro, através de conta criada para esse fim, na arrecadação de víveres e na divulgação do programa e de suas ações através de suas agências, na distribuição de recursos para as famílias, através do cartão-alimentação, na criação de um Fundo de Investimento (FIF Fome Zero) e de uma nova loteria, que geram recursos para o programa. Também como parte do Fome Zero, e em colaboração com a Febraban, a Caixa participa da construção de cisternas no semi-árido nordestino.
Essas ações, na execução de políticas de crédito e sociais e na interação com outros órgãos dos governos municipais, estaduais e Federal, fazem parte da cultura da Caixa, do seu comprometimento público. Como o presidente Lula falou no lançamento da Conferência Nacional das Cidades, estamos dando os primeiros passos, plantando a árvore e adubando a terra para, depois, colher os frutos.
As características incomuns que fazem da Caixa uma instituição com alta credibilidade e a responsabilidade outorgada pelo presidente da República e pelo ministro da Fazenda orientam-nos na tarefa de resgatar a vocação da Caixa Econômica Federal enquanto banco social do povo brasileiro. Com seus 142 anos de história e notáveis contribuições para o país, a Caixa está a postos para assumir os desafios postos pela sociedade.

Jorge Eduardo Levi Mattoso, 53, professor licenciado do Instituto de Economia da Unicamp, é presidente da Caixa Econômica Federal. Foi secretário de Relações Internacionais do Município de São Paulo (gestão Marta Suplicy).


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