São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Reforma da Previdência do FMI, não
JOSÉ MARIA DE ALMEIDA
Essa reforma, portanto, precisa ser derrotada. O PSTU apóia e defende a greve que o funcionalismo fará em defesa da Previdência pública e chama toda a classe trabalhadora a fazer o mesmo. O povo elegeu Lula para que seu governo fizesse mudanças. Lula tem pedido paciência, alegando que só governa há três meses. Porém a política que seu governo está adotando não é de transição para mudanças, mas de aprofundamento da política que FHC aplicou nos últimos oito anos. O acordo que o governo Lula assinou com o FMI, o novo Orçamento de 2004 (LDO) enviado ao Congresso e o documento "Política Econômica e Reformas Estruturais", lançado pelo ministro da Fazenda, demonstram que o atual governo está, na verdade, comprometido com o aprofundamento do modelo econômico de FHC. Esse documento, elogiado pelo FMI e pelo governo dos EUA, adota os pressupostos e metas do Consenso de Washington 2º, que pavimentam o caminho para a Alca. O governo se compromete com um ajuste fiscal superior ao de FHC até o final do mandato; com uma segunda rodada de reformas institucionais (dos sistemas financeiro, tributário, previdenciário e trabalhista), todas de caráter neoliberal; com o fim do princípio de universalidade dos serviços públicos (leia-se arrebentar com a educação e a saúde públicas), em troca de políticas sociais compensatórias, focalizadas. E defende maior abertura comercial. Tal projeto conduz à Alca, que transformará o Brasil em uma colônia. A reforma da Previdência é parte dessa estratégia do governo Lula, que subordina ainda mais o nosso país às multinacionais. O PSTU, na campanha eleitoral, advertiu que, sem romper com a Alca e com o FMI e aliando-se à burguesia, Lula e o PT não mudariam o Brasil e acabariam atacando os trabalhadores. Os banqueiros, a Fiesp, a CNI e o latifúndio estão no governo e defendem a Alca. Figuras empresariais de proa os representam no governo, como Luiz F. Furlan, Roberto Rodrigues, Henrique Meirelles e outros. A maioria da classe trabalhadora, entretanto, acredita que esse governo é dos trabalhadores. Inclusive, muitos lutadores sociais acham que, pressionando, é possível empurrar esse governo contra o "mercado". Nós, do PSTU, não pensamos assim. Para mudar de rumo, o PT e Lula precisariam romper com o FMI , com a Alca e com a burguesia -coisa que, infelizmente, não vemos o PT disposto a fazer. Mas, se a maioria que quer mudanças confia no PT, devemos todos exigir que Lula e seu partido tirem a burguesia do governo e governem para e com os trabalhadores. Não devemos aceitar mais sacrifícios. Devemos trilhar o caminho da luta em defesa do salário, do emprego, da reforma agrária e de nossos direitos e exigir a ruptura com a Alca e o FMI. José Maria de Almeida, o Zé Maria, 45, metalúrgico, é presidente Nacional do PSTU e membro da Executiva Nacional da CUT. Foi candidato à Presidência da República em 2002. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Jorge Eduardo Levi Mattoso: A Caixa e o novo governo Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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