São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Celibato
"A pesquisa divulgada por esta Folha que revelou que 41% de um total de 758 padres brasileiros já tiveram algum tipo de relação afetiva com uma mulher após a ordenação mostra mais uma vez as dificuldades dos sacerdotes no cumprimento do celibato obrigatório ("41% dos padres tiveram relação afetiva, diz estudo", Brasil, 22/4). É preciso lembrar que só no século 11 o celibato passa a ser mencionado como um princípio a ser seguido por quem quer consagrar sua vida aos serviços religiosos. Pedro, o primeiro papa, foi casado, assim como outros apóstolos. A vivência da sexualidade dos padres, hoje, interpela a hierarquia da Igreja Católica para que revise a sua tradição e trate a sexualidade como um grande dom de Deus."
Regina Jurkewicz, doutoranda em ciência da religião e integrante da organização Católicas pelo Direito de Decidir (São Paulo, SP)

Política cultural
"Excelente o artigo de 23/4 da secretária estadual da Cultura de São Paulo, Claudia Costin ("Política cultural e desenvolvimento", "Tendências/Debates", pág. A3). Sem crescimento econômico, geração de empregos, política social inclusiva e fornecimento de cultura, arte, cidadania e esperança aos milhões de jovens que estão em idade de ingressar no mercado de trabalho, estaremos condenados a um quadro cada vez mais sombrio e ameaçador. Ou o Brasil volta a crescer e a incluir as pessoas ou então iremos gerar muitos novos "Lulus" do tráfico de drogas e o Haiti será aqui mesmo."
Renato Khair (São Paulo, SP)

Santo motivo
"Uma perguntinha: qual é o santo padroeiro da cidade do Rio de Janeiro? São Sebastião (20 de janeiro) ou são Jorge (23 de abril)? Se, de fato, é são Sebastião, então por que feriado no dia do santo guerreiro? Será que, de repente, vão criar feriados nos dias de são Judas Tadeu (28 de outubro) e santo Expedito (19 de abril), dois que também têm enorme contingente de devotos aqui no Rio? Se considerarmos que todo dia é dia santo, com o andar da carruagem, teremos em breve 365 dias de feriado na cidade maravilhosa. Na verdade, tudo é motivo para não trabalhar."
Fernando Al-Egypto (Rio de Janeiro, RJ)

Anjos e mulheres
"Como Marcelo Coelho no artigo "Invasão e evasão" (Ilustrada, 21/4), também eu já observara, através de leitura gravada, a instalação "Acampamento dos Anjos", de Eduardo Srur, exposta no esqueleto do Instituto da Mulher, na avenida Doutor Arnaldo. Por ser uma inovação que deu vida a algo aparentemente morto ao nascer, citei a instalação de Eduardo Srur em minha palestra "Inovar com Responsabilidade", apresentada durante o Fórum SAP, nos dias 15 e 16 deste mês no hotel Transamérica, diante de uma platéia de empresários. No meu entender, Eduardo Srur, com o seu "Acampamento dos Anjos", ilustrou perfeitamente o proposto em minha palestra, inovar com responsabilidade, chamando a atenção e embelezando um projeto destinado à saúde da mulher, que lá jaz, há tantos anos, na forma de um esqueleto inútil e que poderia ter salvo muitas vidas se já estivesse cumprindo as finalidades a que se propunha. Finalidades relacionadas à mulher, ou seja, entre tantas outras, a de dar à luz, salvando anjos."
Dorina de Gouvêa Nowill (São Paulo, SP)

Direção
"Alvíssaras! A foto do presidente Lula com a pá na mão e usando capacete (Brasil, pág. A4, 23/4) nos dá um alento. Quem sabe ele, enfim, retome o gosto pelo trabalho e assuma a direção do país."
Edilvo Mota (Araguari, MG)

Heranças e bravatas
"Os petistas, conforme a idiossincrasia que os caracteriza, têm uma maneira enviesada de interpretar os fenômenos sociais. O que chamam de "herança maldita" nada mais é do que o "custo bravata'!"
Rodrigo Borges de Campos Netto (São Paulo, SP)

Recorde
"Parabéns ao atual governo do PT pelo triste e vergonhoso recorde do índice de desemprego na Grande São Paulo. Para quem prometeu 10 milhões de empregos durante a campanha, agora essa promessa se tornou utopia."
Andrey Venciguerra (Carapicuíba, SP)

Afogados
"O ministro da Fazenda admite que o governo falhou no combate ao desemprego, que, só na Grande São Paulo, atinge 2 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, recebe cumprimentos e elogios de FHC pela continuidade do modelo econômico. O encontro FHC/Palocci poderia ser chamado de abraço de afogados."
Rodrigo França (Belo Horizonte, MG)

Desesperados
"Leio na Folha que o desemprego volta a bater recorde em São Paulo. O contingente de desempregados chega a 2 milhões de desesperados, e o motivo é a baixa atividade econômica. Clóvis Rossi escreve que, "pelas previsões do FMI, no ano que vem, (...) o Brasil cresce menos do que a média mundial, (...) menos do que o hemisfério ocidental". Informa ainda que, segundo o "Financial Times", a economia argentina está se recuperando a um ritmo frenético, e comenta que, "durante a moratória, a Argentina recuperou tudo que havia perdido antes da moratória". É mole?"
Márcio Paula Moraes (São Bernardo do Campo, SP)

Memória
"Sempre achei que FHC não havia dito a célebre frase: "Esqueçam o que escrevi". Mas agora, quando vem criticar Lula por abafar uma CPI, acredito que a próxima frase poderá ser: "Esqueçam todas as CPIs que abafei". E, nesse assunto, ele tem autoridade. Fica difícil escutar tucanos e pefelistas criticando o que sempre fizeram em maior quantidade e com mais qualidade."
Ermelindo Caldeira Aranha (Pouso Alegre, MG)

Democracia
"As palavras do senador Sarney em sua coluna de 23/4 ("A lingüiça democrática", pág. A2) mostram mais uma vez que ele quer reescrever a história. No seu governo, tínhamos quase 90% de inflação. O Brasil sente essa crueldade e ineficiência desde a era Sarney. É por isso que apenas 30% dos brasileiros acreditam na democracia. Nos políticos, acho que nem 30%."
José Adailton Viana Ribeiro (Matão, SP)

Justiça
"Já nos acostumamos a ver os pobres e marginalizados ficarem à míngua em cadeias superlotadas, aguardando julgamento de crimes como pequenos furtos. Aí, assistimos atônitos a imagens cruéis de motins, como o da semana passada. Enquanto isso, poucos e poderosos -muitas vezes mais criminosos, porém bem assistidos juridicamente- empurram como querem seus julgamentos até a prescrição. O ditado popular deveria mudar para: a Justiça tarda ou falha, isso quando não prescreve."
Renato Baladore (Itapeva, SP)


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