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ELIANE CANTANHÊDE
Pós-terremoto
BRASÍLIA - Quem diria? Serra,
Alckmin e Marta Suplicy estão (ou
estavam) se engalfinhando pelo
apoio de Orestes Quércia na eleição
para a Prefeitura de São Paulo.
Quércia é um exemplo vivo -vivíssimo, pode-se dizer- do que
ocorre com o seu partido, o PMDB:
em descrédito, nem parece ter mais
condições de se candidatar a cargos
majoritários, mas tem um tempo
enorme na TV e vive sendo disputado por gregos e troianos, ou melhor,
por petistas e tucanos.
Deixando de lado esses... detalhes, o fato é que Serra interrompeu
uma onda de más notícias com uma
grande notícia política: levou a melhor na corrida por Quércia, a quem
jogou no colo do candidato Gilberto
Kassab (DEM), junto com preciosos 4min30s a mais na telinha da
campanha. Ontem, já houve um
empurra-empurra entre o PSDB-que-está-com-Alckmin e o PT, reunido com Marta Suplicy, para ver
quem perdeu mais. Mas é simples:
os dois perderam.
Além de não unir o PSDB, Serra
vinha suportando mal o fiasco da
privatização da CESP; a desenvoltura de Aécio Neves, em plena campanha para se tornar conhecido; e a
aliança PSDB-PT em Belo Horizonte, o mais espetacular movimento
político das eleições municipais.
Até terremoto São Paulo teve!, dirão os anti-serristas.
Mas Serra tem lá sua garra e principalmente seus trunfos, potencializados pelo favoritismo nas pesquisas. Neutralizou as agruras e calou os críticos ao fechar o acordo
com o PMDB, que favorece Kassab
agora na disputa paulista e abre
uma avenida de oportunidades em
direção à rampa do Planalto.
Ontem, o PMDB estava com
FHC. Hoje, com Lula. Amanhã,
com quem tiver as melhores chances de levar a Presidência. Politicamente, é mais promissora a aliança
PSDB-PMDB em São Paulo do que
a PSDB-PT em Minas. Até porque o
PMDB vai com quem dá mais. O PT
só vai com ele mesmo.
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