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Editoriais
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Reforma das agências
Mais de uma década depois de
implementado o modelo de agências reguladoras no país é forçoso
reconhecer alguns problemas.
Concebidas para defender o interesse dos consumidores e garantir o bom funcionamento de distintos setores da atividade econômica, as agências muitas vezes
cumprem suas funções de maneira insatisfatória.
Embora o modelo, de uma maneira geral, seja adequado, são comuns indícios de sujeição dessas
autarquias a interesses opostos
àqueles que deveriam proteger.
Faltam-lhes muitas vezes instrumentos para impedir a subordinação às diretrizes do governo de
turno e aos propósitos de seus
"parceiros" privados. Não raro,
surgem desconfianças sobre a
cooptação de funcionários por
empresas que deveriam fiscalizar.
A estatal Telebrás, por exemplo, que será reativada pelo governo, deverá contar com quadros
hoje a serviço da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações).
Empresas que atuam neste setor
temem, com razão, fornecer informações a servidores que em breve
defenderão os interesses de uma
empresa concorrente.
Também são frequentes as
transferências de ex-diretores dos
órgãos reguladores para a iniciativa privada, onde passam a ocupar
cargos nas mesmas empresas que
antes fiscalizavam.
Faz sentido, portanto, que se
queira discutir a reforma das
agências. Tramita no Congresso
projeto com o objetivo de conferir
mais transparência às decisões
colegiadas dessas autarquias.
As reuniões de seus integrantes
deverão ser abertas e seguidas da
publicação de votos e documentos, prática ainda não adotada por
todos os órgãos. Também pretende-se criar uma comissão, com representantes de entidades de defesa do consumidor, para examinar as decisões tomadas.
O projeto acerta ao enfatizar a
necessidade de mais transparência. É o acompanhamento público
da atuação dos membros dessas
entidades que poderá protegê-las
das ameaças de cooptação a que
sempre estarão expostas.
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