São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Votos da indústria na eleição presidencial

ARMANDO MONTEIRO NETO


A indústria precisa de que os próximos governos desobstruam gargalos, que atrasam e travam o crescimento do país


O Brasil tem pressa, e a indústria brasileira quer acelerar o passo com o país. Em 2008, a renda per capita da população chegou a US$ 10 mil -o patamar de países como África do Sul, Costa Rica e Sérvia.
Entre 2004 e 2008, a renda per capita no Brasil cresceu 3,4% ao ano. Nessa cadência, a renda dos brasileiros dobraria a cada 21 anos, ou seja, no espaço de cinco mandatos presidenciais.
Mas o Brasil pode -e deve- ser mais ambicioso. Pode dobrar a sua renda individual média a cada 15 anos, o curto período de tempo para quatro eleições presidenciais.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai provar ser possível tal meta. E o fará hoje, quando debaterá com os pré-candidatos presidenciais Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva, em Brasília, sua proposta para a prosperidade.
O documento "A Indústria e o Brasil: 2011-2014 - Uma Agenda para Crescer Mais e Melhor" detalha o Brasil dos próximos quatro anos.
Não é agenda corporativa, muito longe disso. É uma agenda do país.
Como multiplicar por dois a riqueza dos brasileiros em 15 anos?
Como dar o salto para um Brasil próspero, com rendimento médio de US$ 20 mil em 2025, quando se equipararia à renda per capita atual em Portugal, Hungria e Arábia Saudita?
A resposta não é difícil: sustentar o crescimento e baseá-lo na indústria, que deve estar no centro da estratégia do crescimento pelo seu impacto na produtividade da economia, como constata o Relatório de Desenvolvimento Industrial da ONU, de 2009.
Para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais competitivo, especialmente no cenário pós-crise, a indústria precisa de que este e todos os governos que se seguirão desobstruam gargalos, que atrasam e travam o crescimento.
Não é tarefa fácil, reconhecemos, porque vários desses gargalos têm origem estrutural, mas não é impossível. Pelo contrário.
Infelizmente, não há espaço nesta Folha para resumir um documento de 230 páginas.
As soluções para um Brasil mais competitivo passam, entre muitas outras medidas, por uma carga tributária menor, com menos impostos e mais simplificação tributária; pelo uso automático de créditos tributários das empresas exportadoras e no abatimento de despesas. Passam também pela desoneração dos investimentos, das exportações e da intermediação financeira e por redução dos encargos nas tarifas de energia elétrica.
A melhoria da educação é igualmente fundamental, porque a qualidade da educação é essencial para a produtividade.
É necessário, por exemplo, substituir a gratuidade universal das universidades públicas por bolsas de estudos baseadas no nível de renda e desempenho do aluno.
A reforma política e a restrição do uso de medidas provisórias são iniciativas que reduzem a incerteza jurídica dominante, o que afugenta investimentos.
São esses alguns dos votos da indústria nas eleições de outubro.


ARMANDO MONTEIRO NETO, industrial, é deputado federal pelo PTB-PE e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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