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CLÓVIS ROSSI
A mentira e a "boquinha"
SÃO PAULO - Há pelo menos um mentiroso na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Ou ele se chama
Luiz Inácio Lula da Silva e ocupa o
cargo de presidente da República, ou
se chama Ricardo Berzoini e é ministro do Trabalho e Emprego.
A dedução é inevitável e inescapável quando se comparam declarações
de um e de outro sobre o salário mínimo e a Previdência.
O presidente disse, mais de uma
vez, que adoraria dar uma baita aumento para o salário mínimo, mas, se
o fizesse, a Previdência quebraria.
Pois bem, reproduzo abaixo notícia
de ontem da Agência Brasil, do próprio governo:
"O ministro do Trabalho e Emprego, Ricardo Berzoini, afirmou durante o programa "Diálogo Brasil",
exibido ontem (quarta-feira) pela
TV Nacional, que "o problema da
Previdência não é a vinculação do
piso com o salário mínimo. É um
problema de crescimento econômico".
"Na área urbana", acrescentou, "a
Previdência é praticamente equilibrada, mas na área rural ela foi criada para ser subsidiada'".
A afirmação é cristalina. Não admite outra interpretação a não ser a
de que ou o presidente não sabe o
que está dizendo ou o ministro é um
tremendo mentiroso. Qualquer que
seja a interpretação, não é boa para
um governo que demonstra, dia após
dia, que não tem a mais remota idéia
do que pretende fazer com o país.
De quebra, a frase de Berzoini desmoraliza todos os petistas que votaram contra o mínimo de R$ 275
aprovado pelo Senado. Alguns podem até ter sido enganados, acreditando que votavam a favor dos cofres
da Previdência (mesmo assim, se é
tão fácil enganá-los, deveriam sair
da vida pública).
Mas parece evidente que a grande
maioria votou mesmo levada por
uma definição do PT ("partido da
boquinha") sapecada tempos atrás
por Anthony Garotinho.
A maioria dos deputados petistas
que votou pelo mínimo mais mínimo
não estava defendendo a Previdência, mas a sua boquinha no governo
ou no partido do governo.
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