|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DILEMA IRAQUIANO
A apenas seis dias da transferência da soberania para o governo provisório iraquiano, uma série de ataques concertados em cinco
cidades produziu cerca de uma centena de mortes e mais de 300 feridos.
A previsão de analistas é que novas
ações em grande escala se repitam
nos próximos dias.
A nova administração iraquiana já
assume sob o signo de um dilema
que parece insolúvel. Sem legitimidade popular, o governo sustenta-se
principalmente na força militar da
coalizão de tropas estrangeiras liderada pelos EUA. E é justamente a presença desses soldados a principal
motivação da resistência para lançar
ataques contra a administração. Se
as tropas saem do país, é quase certo
que o governo provisório cai; se ficam, não há nenhuma razão para
que cessem os atentados que vêm desestabilizando o país, provocando
centenas de mortes e minando a já
combalida infra-estrutura iraquiana.
Ao que tudo indica, os soldados estrangeiros permanecerão ainda por
muitos anos no Iraque. A estratégia
de estabilização passa por eleições
que confeririam legitimidade e aceitação aos governantes.
É claro que as possibilidades de erro são inúmeras. Para começar, o
atual governo, ao qual caberá organizar os pleitos, é visto como um fantoche de Washington, o que poderá
lançar dúvidas sobre os resultados
eleitorais. De resto, parece bastante
improvável que os EUA, com cerca
de 130 mil homens no Iraque, aceitem um eventual governo islâmico
hostil à Casa Branca.
O que parece mais certo nessa história toda é que o presidente George
W. Bush cometeu um formidável erro ao invadir o Iraque e agora não sabe como livrar-se da encrenca.
Texto Anterior: Editoriais: BRASIL E COLÔMBIA Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: A mentira e a "boquinha" Índice
|