São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

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DILEMA IRAQUIANO

A apenas seis dias da transferência da soberania para o governo provisório iraquiano, uma série de ataques concertados em cinco cidades produziu cerca de uma centena de mortes e mais de 300 feridos. A previsão de analistas é que novas ações em grande escala se repitam nos próximos dias.
A nova administração iraquiana já assume sob o signo de um dilema que parece insolúvel. Sem legitimidade popular, o governo sustenta-se principalmente na força militar da coalizão de tropas estrangeiras liderada pelos EUA. E é justamente a presença desses soldados a principal motivação da resistência para lançar ataques contra a administração. Se as tropas saem do país, é quase certo que o governo provisório cai; se ficam, não há nenhuma razão para que cessem os atentados que vêm desestabilizando o país, provocando centenas de mortes e minando a já combalida infra-estrutura iraquiana.
Ao que tudo indica, os soldados estrangeiros permanecerão ainda por muitos anos no Iraque. A estratégia de estabilização passa por eleições que confeririam legitimidade e aceitação aos governantes.
É claro que as possibilidades de erro são inúmeras. Para começar, o atual governo, ao qual caberá organizar os pleitos, é visto como um fantoche de Washington, o que poderá lançar dúvidas sobre os resultados eleitorais. De resto, parece bastante improvável que os EUA, com cerca de 130 mil homens no Iraque, aceitem um eventual governo islâmico hostil à Casa Branca.
O que parece mais certo nessa história toda é que o presidente George W. Bush cometeu um formidável erro ao invadir o Iraque e agora não sabe como livrar-se da encrenca.


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