São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLAUDIA ANTUNES

Perdeu, mas levou

RIO DE JANEIRO - A secretária de Estado Hillary Clinton é a única autoridade civil americana elogiada pelo círculo de Stanley McChrystal na reportagem da ""Rolling Stone" que levou à queda do general do comando da guerra no Afeganistão.
"Se Stan está pedindo, dê a ele o que precisa", dizia Hillary no início de 2009, enquanto Obama pesava se mandaria mais soldados ao país centro-asiático, confirmando uma estratégia de contrainsurreição que prenunciava ocupação prolongada -o oposto do que prometera na campanha à Casa Branca.
Aliada a Robert Gates, titular do Pentágono desde o governo Bush, a secretária ganhou o embate. Ela, derrotada na corrida eleitoral, imprimiria depois sua marca em decisões cruciais, como a de limitar a negociação com o Irã, que antigos conselheiros de Obama defendiam que fosse ampla, incluindo garantias de segurança ao país persa.
Hillary Clinton foi moldada pela experiência no governo do marido.
Ela perdeu a virgindade política quando tentou liderar a reforma da saúde e foi barrada pelo Congresso. Aprendeu a não contrariar os lobbies mais poderosos em Washington depois que os republicanos ganharam o controle do Legislativo -mantendo-o por seis dos oito anos de Bill Clinton na Presidência, nos anos 90.
Hillary também viveu o momento de poder supremo dos EUA. Não houve os excessos de uma invasão do Iraque, mas tampouco oposição importante aos bombardeios no país árabe nem à consagração da Otan, a aliança militar ocidental, como força interventora além das fronteiras de seus países membros.
Foi uma fase em que os democratas acreditaram ter perdido a pecha de fracos na segurança nacional, que carregavam desde os anos 60. Mas a ofensa agora volta para assombrar Obama -que soa indeciso tanto quando adere às preferências da ex-adversária quanto quando parece se desviar delas.


Texto Anterior: Brasília - Melchiades Filho: Terror ou terroir?
Próximo Texto: José Sarney: Canção da Copa

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.