|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLAUDIA ANTUNES
Perdeu, mas levou
RIO DE JANEIRO - A secretária de
Estado Hillary Clinton é a única autoridade civil americana elogiada
pelo círculo de Stanley McChrystal
na reportagem da ""Rolling Stone"
que levou à queda do general do comando da guerra no Afeganistão.
"Se Stan está pedindo, dê a ele o
que precisa", dizia Hillary no início
de 2009, enquanto Obama pesava
se mandaria mais soldados ao país
centro-asiático, confirmando uma
estratégia de contrainsurreição que
prenunciava ocupação prolongada
-o oposto do que prometera na
campanha à Casa Branca.
Aliada a Robert Gates, titular do
Pentágono desde o governo Bush, a
secretária ganhou o embate. Ela,
derrotada na corrida eleitoral, imprimiria depois sua marca em decisões cruciais, como a de limitar a
negociação com o Irã, que antigos
conselheiros de Obama defendiam
que fosse ampla, incluindo garantias de segurança ao país persa.
Hillary Clinton foi moldada pela
experiência no governo do marido.
Ela perdeu a virgindade política
quando tentou liderar a reforma da
saúde e foi barrada pelo Congresso.
Aprendeu a não contrariar os lobbies mais poderosos em Washington depois que os republicanos ganharam o controle do Legislativo
-mantendo-o por seis dos oito
anos de Bill Clinton na Presidência,
nos anos 90.
Hillary também viveu o momento de poder supremo dos EUA. Não
houve os excessos de uma invasão
do Iraque, mas tampouco oposição
importante aos bombardeios no
país árabe nem à consagração da
Otan, a aliança militar ocidental,
como força interventora além das
fronteiras de seus países membros.
Foi uma fase em que os democratas acreditaram ter perdido a pecha
de fracos na segurança nacional,
que carregavam desde os anos 60.
Mas a ofensa agora volta para assombrar Obama -que soa indeciso
tanto quando adere às preferências
da ex-adversária quanto quando
parece se desviar delas.
Texto Anterior: Brasília - Melchiades Filho: Terror ou terroir? Próximo Texto: José Sarney: Canção da Copa
Índice
|