|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Zero a zero
BRASÍLIA - O governo e o PT avaliavam que Dilma iria passar Serra
em maio, depois garantiram que seria em junho e, enfim, juraram que
seria em julho. Curiosamente, porém, Serra parece aquele boneco
"João bobo". Bate, bate, bate, e ele
continua de pé, empatado (37% a
36%) com uma adversária que tem
o maior cabo eleitoral do país, o
maior partido, o maior leque de
alianças e uma visibilidade imensa.
E ela mantém vantagem em todos os demais indicadores que já vinham sendo apurados pelo Datafolha: na espontânea, na rejeição e no
segundo turno. Logo, Dilma tem
melhores condições, mas Serra é
sólido, consistente.
O ataque de seu vice, o tal Indio
da Costa, às ligações do PT com as
Farc serviu como demarcação de
território quando Dilma começava
a invadir searas naturais pró-PSDB
e anti-PT -como socialites e empresários do Rio e de São Paulo. E
ganha oportunidade quando o conflito Venezuela-Colômbia joga luz
sobre o grupo guerrilheiro.
A partir do horário eleitoral gratuito, que começa em 17 de agosto,
Dilma vai se pendurar em Lula, e
Serra terá que não só conquistar
apoios e furar o bloqueio do franco
favoritismo de Dilma no Nordeste
manter os que já tem e ampliar seus
votos no Sul e no Sudeste.
Um dado fundamental é que um
em cada cinco eleitores não foi à escola ou é analfabeto. Serra, Dilma e
Marina vão ter de falar para esse
oceano de 27 milhões, do total de
135,8 milhões de eleitores.
Até aqui, é de se imaginar que o
empate entre os dois candidatos é
resultado da preferência, ou da antipatia, do eleitor que tem informação, alguma escolaridade, melhor
renda e, portanto, condições de já
decidir. A partir dos programas de
rádio e TV, a disputa vai ser pelos
indecisos e pelos que possivelmente nem sabem quem são os candidatos, quanto mais qual preferem.
O empate dá mais emoção para a
plateia. E, afinal, nem jogo nem
eleição se ganha de véspera.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Vergonha pouca é bobagem Próximo Texto: Rio de Janeiro - Luiz Fernando Vianna: Manoel foi pro céu Índice
|