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EXCLUSIVO MUNDO NOVO
Terminou na sexta-feira, em
Brasília, um evento que avaliou
dois anos de iniciativas de "governo
eletrônico" no Brasil. O país alcançou destaque internacional em várias
áreas. As urnas digitais talvez representem o mais avançado processo
eleitoral por tecnologia da informação no mundo. O pagamento de impostos pela internet também é destaque. Experiências do governo federal
-nas áreas de compras públicas-
ou estaduais, como o Poupatempo
paulista, têm recebido prêmios e servido de referência internacional.
Ao mesmo tempo, esta Folha registrou, na mesma sexta-feira, a situação de Leonardo Fernandes da Rocha, 11, que ganhou um computador
ao vencer um concurso nacional de
frases promovido pelo Ministério da
Educação. Mas o aparelho não poderá ser usado, pois na casa de Leonardo, na zona rural de São João da Ponte (MG), não há energia elétrica.
O Brasil é, também nessa área, um
campeão de desigualdades. O paradoxo do estudante ilustra a ambiguidade das iniciativas do governo em
suas políticas para a informação.
O chamado governo eletrônico é
um avanço inegável, mas, como tantas outras políticas públicas, exibe
um alcance cujo limite é dado pela
exclusão social, contra a qual, aliás,
os governos têm sido ineficientes.
Nesse contexto, investir mais em sistemas digitais para facilitar a vida do
cidadão redunda, no mais das vezes,
em mais comodidades para aqueles
que já estão digitalmente incluídos.
Iniciativas estratégicas, aliás, têm
sofrido cortes ou adiamentos, dos
programas de universalização do
acesso às políticas de desenvolvimento de tecnologias para a TV digital, passando pela colcha de retalhos
em que se transformou a política de
comunicações no país, regulada ou
condicionada simultaneamente por
instâncias mal articuladas.
Os resultados expressivos do governo eletrônico em vários campos
merecem registro. Mas ainda há
muito a avançar em termos de democratização do acesso.
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