São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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EXCLUSIVO MUNDO NOVO

Terminou na sexta-feira, em Brasília, um evento que avaliou dois anos de iniciativas de "governo eletrônico" no Brasil. O país alcançou destaque internacional em várias áreas. As urnas digitais talvez representem o mais avançado processo eleitoral por tecnologia da informação no mundo. O pagamento de impostos pela internet também é destaque. Experiências do governo federal -nas áreas de compras públicas- ou estaduais, como o Poupatempo paulista, têm recebido prêmios e servido de referência internacional.
Ao mesmo tempo, esta Folha registrou, na mesma sexta-feira, a situação de Leonardo Fernandes da Rocha, 11, que ganhou um computador ao vencer um concurso nacional de frases promovido pelo Ministério da Educação. Mas o aparelho não poderá ser usado, pois na casa de Leonardo, na zona rural de São João da Ponte (MG), não há energia elétrica.
O Brasil é, também nessa área, um campeão de desigualdades. O paradoxo do estudante ilustra a ambiguidade das iniciativas do governo em suas políticas para a informação.
O chamado governo eletrônico é um avanço inegável, mas, como tantas outras políticas públicas, exibe um alcance cujo limite é dado pela exclusão social, contra a qual, aliás, os governos têm sido ineficientes. Nesse contexto, investir mais em sistemas digitais para facilitar a vida do cidadão redunda, no mais das vezes, em mais comodidades para aqueles que já estão digitalmente incluídos.
Iniciativas estratégicas, aliás, têm sofrido cortes ou adiamentos, dos programas de universalização do acesso às políticas de desenvolvimento de tecnologias para a TV digital, passando pela colcha de retalhos em que se transformou a política de comunicações no país, regulada ou condicionada simultaneamente por instâncias mal articuladas.
Os resultados expressivos do governo eletrônico em vários campos merecem registro. Mas ainda há muito a avançar em termos de democratização do acesso.



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