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Não bateu no bolso (ainda)
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - A pesquisa mensal que a
CNI (Confederação Nacional da Indústria) encomenda ao Ibope ajuda a
entender por que o presidente Fernando Henrique Cardoso continua favorito disparado na disputa sucessória,
com crise e tudo.
"Apesar da piora da expectativa sobre questões como emprego, inflação e
renda, a ampla maioria das pessoas
(67%) declarou que o ano de 1998 até
aqui foi bom ou muito bom", informa
a CNI, sobre os dados de setembro.
Traduzindo: até agora, a crise mundial e seus reflexos no Brasil bateram
muito mais nas Bolsas (e no câmbio)
do que nos bolsos. Se é assim, passa a
ser natural que uma fatia majoritária
dos brasileiros prefira votar no próprio presidente, no pressuposto de que
ele é responsável, em parte, por um
ano (justamente o ano eleitoral) que
67% acham bom ou muito bom.
Mas a pesquisa mostra também que
a maioria tem uma noção pelo menos
relativa de que os tempos difíceis estão
começando.
Dados objetivos:
1 - Passou a 60% a porcentagem dos
que achavam, em setembro, que o desemprego vai aumentar, contra apenas 48% em julho.
2 - Aumentou muito (de 32% para
46% dos entrevistados) a parcela dos
que esperam até uma subida da inflação, um fantasma que parecia desterrado do imaginário coletivo.
3 - A avaliação favorável do Plano
Real caiu de 42% para 39%. Não obstante, 61%, um recorde nos 13 meses
de pesquisa CNI/Ibope, acham que a
sua vida melhorou com o Real. É um
dado que complementa a explicação
para o favoritismo do presidente.
Tudo somado, parece evidente que,
para Fernando Henrique, será muito
mais fácil ganhar a reeleição do que
administrar a vitória nos quatro anos
seguintes.
Afinal, bem ao contrário do que
ocorreu em 1994, o pessimismo, diz a
pesquisa, é a marca registrada do brasileiro neste final de 98.
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