São Paulo, sexta, 25 de setembro de 1998

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Não bateu no bolso (ainda)

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - A pesquisa mensal que a CNI (Confederação Nacional da Indústria) encomenda ao Ibope ajuda a entender por que o presidente Fernando Henrique Cardoso continua favorito disparado na disputa sucessória, com crise e tudo.
"Apesar da piora da expectativa sobre questões como emprego, inflação e renda, a ampla maioria das pessoas (67%) declarou que o ano de 1998 até aqui foi bom ou muito bom", informa a CNI, sobre os dados de setembro.
Traduzindo: até agora, a crise mundial e seus reflexos no Brasil bateram muito mais nas Bolsas (e no câmbio) do que nos bolsos. Se é assim, passa a ser natural que uma fatia majoritária dos brasileiros prefira votar no próprio presidente, no pressuposto de que ele é responsável, em parte, por um ano (justamente o ano eleitoral) que 67% acham bom ou muito bom.
Mas a pesquisa mostra também que a maioria tem uma noção pelo menos relativa de que os tempos difíceis estão começando.
Dados objetivos:
1 - Passou a 60% a porcentagem dos que achavam, em setembro, que o desemprego vai aumentar, contra apenas 48% em julho.
2 - Aumentou muito (de 32% para 46% dos entrevistados) a parcela dos que esperam até uma subida da inflação, um fantasma que parecia desterrado do imaginário coletivo.
3 - A avaliação favorável do Plano Real caiu de 42% para 39%. Não obstante, 61%, um recorde nos 13 meses de pesquisa CNI/Ibope, acham que a sua vida melhorou com o Real. É um dado que complementa a explicação para o favoritismo do presidente.
Tudo somado, parece evidente que, para Fernando Henrique, será muito mais fácil ganhar a reeleição do que administrar a vitória nos quatro anos seguintes.
Afinal, bem ao contrário do que ocorreu em 1994, o pessimismo, diz a pesquisa, é a marca registrada do brasileiro neste final de 98.



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