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Pau, pedra, fim do caminho
LUIZ CAVERSAN
Rio de Janeiro - Ao que tudo indica,
o último dos anos 90 será inesquecivel.
Isto é, se sobrar alguém para se lembrar de alguma coisa.
A se fiar nas previsões dos economistas, estatísticos e videntes em geral,
parece que aquelas idéias malucas, segundo as quais com o final do milênio
viria o fim do mundo, estavam mesmo
corretas. E iremos todos para a chamada cucuia. Será?
Milhares de empresas fechando suas
portas, desemprego em massa, hordas
de famélicos invadindo as cidades, o
país inteiro de pires na mão tentando
conseguir um dinheiro aí: esse o quadro mais pessimista pintado pelos
mais pessimistas.
Dos otimistas temos a avaliação de
que não será o fim, mas, sim, de que
tudo vai piorar: desemprego, impostos, recessão, falta de produtos de boa
qualidade ou de dinheiro para comprar as melhores mercadorias.
Entre o ruim e o péssimo, ouso imaginar que tudo continuará mais ou
menos igual. Como tem sido nos últimos 500 anos.
Quantas vezes o Brasil esteve no fim
da picada, à beira da falência, na porta da UTI?
Quanta tragédia foi prevista e deixou de acontecer, desde que o Brasil
escapou do domínio português para
cair nas mãos de dominadores outros?
Sempre sobrevivemos, certo?
Dos racionamentos no tempo da
guerra ao roubo da poupança e da
conta corrente de todo mundo no governo Collor, passando pelas incompetências de tantos governos, sempre
houve uma saída.
Isso acabará acontecendo.
Se é para ser pessimista mesmo, pode-se concluir que já estamos lá, no
fundo do poço, há tempos, nos enganando com o que há de supérfluo na
vida. Fome, miséria absoluta, recessão
e desemprego, ora, isso já há de sobra,
atinge milhões faz muito tempo, mas
longe dos nossos olhos e da mídia.
Por isso, entre o pânico possível e o
medo do que virá, o melhor a fazer é
deixar a vida como está para ver como
fica. E que venha o caos.
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